sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Liturgia Evangélica 15: Os Credos

Por Michael "iMonk" Spencer.

The Evangelical Liturgy 15: The Creeds originalmente publicado em InternetMonk, 9 de outubro de 2009. Traduzido com permissão.

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Um hino que eu cresci cantando dizia que "a minha fé encontrou um lugar de descanso, não em tradição ou credo." Uma acusação freqüente feita contra os conservadores batistas durante o ressurgimento conservador foi que eles estavam "impondo o credalismo" sobre a Convenção Batista do Sul.

Uma regra básica para conflitos denominacionais: antes de fazer uma acusação, certifique-se se a questão sendo discutida é de fato uma coisa ruim.

Uma segunda regra, particularmente para batistas moderados ou evangélicos liberais que ainda têm a impressão de que o "credalismo" é uma provocação que funciona: certifiquem-se de que vocês não se encontram defendendo a doença e ridicularizando a saúde (ou o remédio, neste caso).

A Convenção Batista do Sul não toma conhecimento da existência de toda a história credal da Igreja. Quando Robert Webber me ensinou que os credos Niceno e Apostólico eram meus, enquanto batista, eu imediatamente olhei em volta para ver se os exércitos papais estavam acampados do lado de fora.

Hoje, a comunidade teológica criada pelos credos Apostólico e Niceno é uma das minhas grandes esperanças para navegar através dos desertos evangelicais. Falando liturgicamente, eu não me canso deles. Eu provavelmente os aceitaria até mesmo apresentados por fantoches, se não tivesse outro jeito.

A liturgia evangélica deve reconhecer o quanto deve à grande tradição e ao núcleo teológico que existe nos credos clássicos. Nós não precisamos fazer uma assembléia pra decidir sobre eles, ou para adotá-los. Como declarações da fé da Igreja forjada nos primeiros séculos da vida e do debate cristãos, eles existem por si mesmos. Evangélicos não precisam decidir usá-los. Nós temos o privilégio de podemos prestar lealdade a Cristo por meio deles, e ombrearmos com aqueles que se definiram por eles.

Para muitos de nós, o Credo Niceno é a coisa mais próxima que existe de uma definição da essência do Cristianismo, e muitos de nós crêem que ele é o maior marco entre as águas do Batismo e a Mesa do Senhor. O uso dos credos na liturgia é recomendável por um número de motivos:

1. São um resumo da fé cristã;
2. São uma conexão com uma tradição maior;
3. São uma conexão com a Igreja mais ampla, mais profunda e mais antiga;
4. São uma belíssima afirmação da centralidade de Cristo e do devido lugar das demais doutrinas.
5. São uma confissão para o culto, unindo a todos em uma proclamação de fé.

O lugar do Credo (presumo que eles são usados alternadamente de alguma forma) é uma questão a discutir. Minha própria prática é encerrar o sermão com uma bênção trinitária, então fazer uma transição, como "Esta é a fé segundo a qual cremos...", e então o Credo.

Na liturgia presbiteriana, o credo costuma aparecer cedo na liturgia. Em outras tradições, ele vem depois, talvez até na conclusão da Eucaristia. Há versões cantadas dos credos.

A localização prática do Credo é perfeitamente opcional e bem pode variar. A ênfase dada aos credos deve ser sopesada, para que não haja margem para qualquer acusação de "credalismo".

Ao mesmo tempo, nós não podemos unilateralmente desvalorizar os credos ou a nossa conexão protestante/evangélica com eles. Fazê-lo significa, eventualmente, deixar a impressão de que cada congregação e cada cristão está "reinventando a roda" da fé cristã, por conta própria. Essa versão a-histórica, individualizada do evangelicalismo conta mentiras significativas sobre a comunidade cristã e as origens do Cristianismo.

Nós não colocamos nossa fé nos credos, mas no Cristo. Como Rich Mullins disse, no entanto, "eu não o criei; não, ele é que tem me criado". Tais âncoras históricas vão "nos criando", se nós pudermos ter acesso ao riquíssimo legado histórico e teológico que elas nos contam.

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