segunda-feira, 23 de junho de 2008

Toga não é batina!

ou notinhas rápidas sobre o que vestem os católicos romanos, os protestantes e os evangélicos, quando vão cultuar a Deus.

Este texto foi originalmente circulado como um powerpoint nas comunidades presbiterianas do Orkut. O link para download no Google Docs era este.

Toda vez que se discute o que é apropriado o oficiante de um culto vestir, aparece alguém dizendo que a toga dos reformados parece coisa de católico. Hora de detonar esse mito, com ilustrações!



 Primeiro, diz-se que a toga se parece muito com a batina dos padres católicos e anglo-católicos. Será?


Acima, batinas de modelo anglicano (traspassada, 39 botões), romano (abertura central, 33 botões) e jesuíta (abertura central, botões ocultos). Todos com a necessária faixa (do italiano, fascia) na cintura.


Acima, toga feita segundo o corte de Genebra.


A única coisa que elas têm em comum é a cor! Mas se dependesse só disso, os juízes de direito e os reitores de universidade também seriam todos invariavelmente confundidos com padres!


A acusação de semelhança com a batina encontra outro problema, geralmente desconhecido dos protestantes “de berço”: Os protestantes podem celebrar o culto de toga. Mas um padre JAMAIS celebra a missa de batina! Para isso, eles usam um aparato infinitamente mais complexo!


Vejamos: para celebrar a missa, um padre usa, no mínimo:


Alba (ou alva);




Estola;
 
Casula;

(além de uma quase que infinita linha de opcionais, como pálios, cíngulos, manípulos, barretes, dalmáticas, capas de asperges, véus umerais etc. etc. etc.).


Tudo junto, dá algo mais ou menos parecido com isto:


Um ministro protestante da linha reformada, por outro lado, veste apenas a sua toga e, opcionalmente, uma estola, ficando assim:



ou assim:




Além da diferença física, que é óbvia, os significados dessas roupas são diferentes.


As vestimentas litúrgicas, que são aquelas usadas pelos católicos romanos, anglo-católicos e alguns luteranos da linha high-church, são especialmente desenvolvidas para o ambiente de culto e, dependendo do caso, até precisam ser abençoadas por um bispo antes de terem seu uso autorizado.




As togas dos reformados, por outro lado, não têm nenhum significado sagrado em si mesmas: elas são, na verdade, trajes acadêmicos, idênticos àqueles usados nas universidades de tradição européia.


Ao vestir a toga com a estola para celebrar o culto, o ministro reformado está apenas afirmando que ele foi vocacionado, cursou uma faculdade de Teologia e foi devidamente ordenado para o ministério.




Por essa razão, os ministros de igrejas evangélicas e pentecostais que não exigem formação superior em Teologia não podem vestir togas, mas podem, se assim desejarem, usar a estola. Esse é um costume que também se vê em igrejas protestantes de baixa liturgia que estão procurando “subir”.


Créditos das imagens:



Henninger's
Murphy Robes
Casa do Padre
Paróquia de Notre Dame de Michigan
Rev. Carlos Alberto Chaves Fernandes
Rev. Márcio Anheli

Google Images

10 comentários:

Matheus disse...

Legal o post Eduardo! Parabéns! Muito interessante!

Anônimo disse...

Gostei muito do post.Parabéns..

Eduardo H. Chagas disse...

=]

Anônimo disse...

Muito bom o texto, Eduardo. Parabéns !

André Tadeu de Oliveira

Ângelo Dutra de Oliveira disse...

Muito interessante o artigo, o que indica um estudo com certo acuramento sobre a Liturgia... Este tipo de estudo é muito importante...

Rodrigo Motα disse...

Gostei muito deste post! Sou católico romano, mas admiro as liturgias "high church" das Igrejas Reformadas. Sempre fui curioso para saber o significado da toga! Obrigado e continue sempre assim!

Unknown disse...

Olá!
Gostei bastante do texto, muito esclarecedor. Parabéns pela clareza, objetividade e sensibilidade no seu discurso.

UM CANTINHO SÓ MEU disse...

Olá,


Sou católica e ex-protestante. Bom o texto. Só uma correção - melhor: duas.

Vc disse: "Mas um padre JAMAIS celebra a missa de batina! Para isso, eles usam um aparato infinitamente mais complexo!"

Sim, o padre nunca celebra SOMENTE de batina. Mas ele não tira a sua batina para se paramentar, entende? Esses paramentos devem ser vestidos POR CIMA da batina e não no lugar dela.

Outra coisa é que o cíngulo e o amito não são opcionais. Ocorre - na verdade - um grande desleixo de muitos padres, mas eles são - sim! - parte dos paramentos.

Abraço,

Juliana

Eduardo H. Chagas disse...

Olá, Juliana!!

Sim, sim, corretíssimo o seu comentário... Ao menos na teoria...

Na prática, os padres que conheci geralmente preferem usar camisa clerical e calça, em vez de batina, é é por cima do traje clerical que vestem os paramentos. Deixam a batina para quando servem no coro, usando-a com sobrepeliz.

Ainda não usei batina, mas imagino que seja mais quente e, por isso, perca na preferência do clero.

Unknown disse...

Meu esposo e eu somos pastores batista achamos: que é necessário de usar usa estola na ministração do culto.