quinta-feira, 26 de junho de 2008

Por que alguns presbiterianos conservadores não gostam de liturgia – Parte 3

Por Jeffrey J. Meyers

(continuação da Parte 2)
(leia o original aqui)

Mais questões de desempenho


No post anterior, eu disse que um dos principais motivos pelos quais muitos presbiterianos não gostam de liturgia é que eles nunca experimentaram um culto litúrgico que fosse bem executado. Ministros presbiterianos não sabem como realizar rituais. Parte do problema é que eles acreditam que precisam ser informais e irreverentes com a congregação, para soarem “autênticos” para ela. Como se autenticidade e ritual fossem mutuamente excludentes.


Se não for exageradamente crítica, uma pessoa pode aprender até com os erros de outras. Alguns anos atrás, eu fui com minha família a uma igreja presbiteriana bem conservadora, em um bairro diferente da cidade (nem se preocupem em tentar deduzir qual cidade). O pastor foi bem informal e relaxado durante o culto inteiro. Havia uma série de batismos agendados para aquela manhã. Quando os pais das crianças as levaram para a frente para serem batizadas, o pastor se juntou a eles na pia, mas estava visivelmente nervoso. Ele não havia decorado os nomes das crianças a serem batizadas, e não tinha nenhuma “cola” ou outro recurso escrito para ajudá-lo. Para encobrir seu erro, ele fez algumas piadas sobre conseguir lembrar nomes, então perguntou aos três casais de pais os nomes das crianças (para deixar claro, não foi segundo o ritual tradicional de se perguntar “qual é o nome desta criança?” imediatamente antes da administração do sacramento, que algumas igrejas mantêm).

Depois disso, ele chamou três presbíteros à frente (antes do batismo) e os fez dar uma volta com as crianças pelo templo, enquanto fazia mais piadinhas sobre quão fofinhos esses bebês eram. Quando voltaram, o pastor as batizou (sem usar a fórmula tradicional, ainda por cima), e os pais já começavam a voltar para seus lugares quando ele soltou uma gargalhada, e disse:

“Caramba, acho que nós esquecemos de tomar os votos dos pais! Eh, heh heh... Bom, pro caso de haver algum dedo-duro presbiteriano por aqui que possa me denunciar, acho melhor fazer umas perguntar para os pais. Mas... ops... acho que eu não estou com uma cópia dos votos aqui, então eu vou improvisar. Pais, vocês amam ao Senhor? ... Legal. Vocês prometem criar seus filhos na fé? ... Amém! Bom, acho que é isso. Hora de cantar um hino!”

Dito isso, ele se sentou com a congregação e a equipe de louvor dirigiu a congregação no hino “Oh, falai pelas montanhas”.

Tudo bem, vocês podem pensar que esse exemplo é um caso extremo, mas eu já tenho tempo de janela o bastante pra saber que não.

Eu tenho uma regra de não comentar nem ficar fazendo análises críticas de sermões, cultos ou igrejas no Dia do Senhor, especialmente durante o próprio culto. Mas naquele domingo, quando já estávamos em casa, almoçando em família, minha filha mais velha me perguntou “Pai, o que o senhor achou do culto?”

Eu respondi algo na linha de “Bom, não foi como o nosso, foi?”

“Não foi, não”, eles responderam.

Aí minha mais velha falou o que sentia: “Sabe, se eu fosse de uma daquelas três famílias, acho que eu mandaria rebatizar o meu filho!”

Depois dessa, eu quebrei minha regra e tive uma conversa bem produtiva com meus filhos sobre protocolo litúrgico e o grande serviço que ele presta ao povo de Deus. Como Paulo disse a Timóteo, “Atente bem para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres, pois, agindo assim, você salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem” (I Tm 4.16).

Liturgia não é algo que você simplesmente pode ler em um livro e ir fazer. Aquele que lidera o povo de Deus à sua presença precisa de orientação madura, e uma boa dose de experiência dirigida, com alguém bem treinado na arte da liderança litúrgica. Alguns de nós que foram criados em igrejas litúrgicas têm uma boa vantagem. Outros, cientes das suas deficiências, têm procurado se ligar a pastores bem qualificados para que lhes sirvam de tutores durante o seminário ou a licenciatura.

Mas se você já está no pastorado, sempre há maneiras de adquirir a competência necessária. Eu sugiro que você aproveite cada oportunidade, quando não estiver oficiando na sua própria congregação, para visitar, cultuar com e cuidadosamente observar ministros bem treinados de comunhões mais litúrgicas. Até hoje eu visito igrejas luteranas e episcopais quando estou de férias, assistindo, observando, aprendendo e examinando suas construções litúrgicas. Se você tiver alguma competência nessas áreas, invista tempo com candidatos ao ministério da sua igreja, ensinando, treinando e os guiando no be-a-bá da liderança litúrgica.

(Continua na Parte 4)


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