Hoje eu presidi de novo a abertura da Escola Dominical na minha igreja. Como Vice-Superintendente, já era para estar acostumado, mas ainda me dá o típico frio na barriga, com noite maldormida antes. Mas o que me apavora mais é fazer a homilia. Minha homilética é fraca, fraca mesmo; geralmente acaba sendo um comentário leve sobre o texto, sem a mesma densidade de um sermão reformado (ainda não parei de babar sobre um sermão sobre a estrutura quiástica do Salmo 8, que eu ouvi na semana passada).
O primeiro modelo de liturgia que eu vou postar aqui é o que eu uso na abertura da ED na minha igreja:
Saudação trinitária
Sentença bíblica
Oração silenciosa e coleta do dia
Hino ou cântico
Salmo do dia e Gloria Patri
Lição bíblica e Homilia
Hino e ofertório
Consagração das ofertas
Avisos e saudação aos visitantes
Oração final e a Oração do Senhor
Despedida e Saudação da paz
Vamos por partes, como bons esquartejadores:
Saudação trinitária:
É claro que quase nenhuma igreja presbiteriana no Brasil está pronta para ouvir, de cara, um "Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" logo no começo do serviço, sem nenhum desses enfeitezinhos artificiais do tipo "bom dia", "Graça e paz, amém?" e outros que o mundo dos evangélicos despejou em cima da gente. Eu geralmente uso um desses dois:
"Amor, graça e paz da parte de Deus Pai, Filho e Espírito Santo sejam conosco nesta manhã."
ou
"Bendito seja Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e o seu reino, agora e para sempre".
O segundo é uma modificação da saudação da liturgia de Oração Matinal da Igreja Anglicana, para o oficiante ficar com todo o texto (no original, é um diálogo entre oficiante e congregação).
Sentença Bíblica:
O uso de uma sentença bíblica no início do culto é tradição reformada que remonta a Calvino. A partir deste domingo, eu comecei a usar a mais tradicional de todas elas (que na verdade já era usada nesta parte da liturgia antes de Calvino, estando presente em algumas liturgias medievais):
Oficiante: Elevo os meus olhos para os montes; de onde me virá o socorro? (Sl. 121.1)
Povo: O nosso socorro está em o nome do Senhor, criador dos céus e da terra. (Sl. 124.8)
Da última vez que eu tentei introduzir a sentença, as pessoas reclamaram que estava "católico demais" esse negócio de ler um versículo e responder com outro. Talvez tenha sido porque eu fiz "a seco": preparei a liturgia toda em powerpoint e projetei, com as partes do oficiante e do povo marcadas, como se fosse um "folheto litúrgico digital". As respostas do povo não teriam sido mais fracas nem em um funeral.
Hoje, eu o anunciei como se fosse uma leitura, obriguei o povo a abrir a Bíblia, como se fosse uma leitura responsiva de textos não-seqüenciais. O que não deixa de ser. Quebra a fluidez da liturgia, mas pelo menos vai acostumando o povo com as palavras e a prática. Logo depois eu expliquei o caráter reformado desse costume, e a importância de se declarar a total dependência do Senhor logo no início do culto -- porque deve ser essa a tônica de todo o serviço cristão.
A sentença bíblica pode ser essa (que eu prefiro no Tempo Comum), ou outra própria para o tempo litúrgico corrente.
Oração silenciosa e Coleta do Dia:
Como a minha igreja, em particular, não tem o saudável costume de observar silêncio no templo antes do início do culto (e às vezes demora longos segundos para sossegarem, depois de começado), eu dou a eles uma última chance de se aquietarem e saberem que Deus é Deus... Eu emendo com a coleta do dia.
Coleta é um tipo específico de oração curta, feita para resumir todas as orações que vieram antes dela. Em um culto normal, a coleta que se faz nesta parte do culto não é a do dia, é a por pureza (afinal, estamos nos achegando à presença de Deus, e é forçoso reconhecer que temos lábios impuros, e que habitamos em meio a um povo de impuros lábios).
A Coleta do Dia, por outro lado, é uma oração curta baseada na época do calendário litúrgico, ou nos textos do lecionário previstos para esse dia. Os manuais e livros litúrgicos trazem modelos aos montes; eu às vezes os uso, às vezes preparo as minhas próprias, como foi o caso hoje. Em breve talvez eu escreva um post próprio sobre as coletas e sua estrutura.
Hino ou cântico:
Duas vezes por mês, o conjunto da igreja toca também na abertura da ED. Se for um desses domingos, aqui entram, em lugar do hino, normalmente dois cânticos, cantados direto, sem muita "ministração" (graças a Deus -- ninguém precisa dos exageros que certos líderes cometem...).
Salmo e Gloria Patri:
Aproveitando que todo mundo está de pé, emendo a leitura do salmo do dia (segundo o Lecionário Comum Revisado), em uníssono ou de forma responsiva. Ou, se possível, cantamos uma versão metrificada (o Novo Cântico, hinário da IPB, tem alguns perdidos no seu meio; mas eu comecei a juntar alguns na internet e fazer minhas próprias metrificações).
Junto com a leitura, eu já anuncio que na seqüência nós entoaremos o Gloria Patri (não pelo nome em latim, claro). É o hino n. 5 do Novo Cântico e está presente no Manual do Culto da IPI (não sei se também no Cantai Todos os Povos).
Lição bíblica e homilia:
Tirando casos muito especiais, eu geralmente me atenho ao Lecionário (mas raramente tenho a capacidade de usar o Evangelho do dia; como disse, minha homilética está longe da necessária para isso). Se eu fosse, também, quem elabora o culto, usaria sempre o Lecionário, com uma das lições na abertura da ED e as demais no culto.
Hino e ofertório:
Eu geralmente escolho o hino de acordo com a lição ou a homilia, para complementá-los. Nem sempre a letra tem muito a ver com o ofertório, mas pelo bem da brevidade (tenho meia hora cravada para toda a abertura), não dá pra colocar mais um hino para isso.
Na última estrofe, os diáconos de plantão vêm à frente para fazer a oração de
Consagração das ofertas:
Aí, o povo senta de novo (foi difícil, mas eles aprenderam a se levantar ao som do órgão sem o oficiante precisar pedir).
Avisos e saudação aos visitantes:
Detesto dar avisos. Mando ler o boletim, só falo o que for indispensável, ou o que for de última hora e, quando é o caso, o esquema de separação das classes, se for diferente do normal. A igreja tem um protocolo muito legal para receber os visitantes (quando chegam, eles recebem e preenchem um cartão, que pergunta inclusive se eles gostariam de ser publicamente apresentados ou não -- tímidos, sempre os tereis consigo...). Muito legal!
Oração final e a Oração do Senhor:
Pelo menos por conta disso nunca me acusaram (ainda?) de "catolicismo". Sempre termino a oração final com "...Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensinou a orar dizendo: ...". Até onde eu sei, o "Pai Nosso" era parte obrigatória de todo encerramento de Escola Dominical, desde os tempos do Robert Kalley, junto com o Relatório (é incrível, mas eu sinto saudade dele...).
Despedida e a saudação da paz:
Acho que é a melhor forma de terminar a abertura. Como não temos encerramento...
3 comentários:
Parabéns esse é o caminho do culto reformado.
é incrivel quendo queremos realizar um trabalho perfeito a Deus, alguns se levantam contra e nao deveria ser assim
; mas vc esta de parabesn
olá amado,
graça e paz
como eu consigo uma cópia do lecionário???
e existe alguma versão online ou para download???
ab.
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