Sem. Eduardo H. Chagas.
Comentário ao Evangelho do Dia (1º Domingo após a Epifania, Batismo do Senhor, ano A), proferido à Igreja Presbiteriana de Franca em 12 de janeiro de 2014.
Hoje, pelo calendário litúrgico, comemoramos o Batismo do Senhor Jesus.
É a segunda etapa da Epifania, ou seja, da revelação de Jesus ao mundo como Rei
e Senhor. A primeira, como vimos na semana passada, foi a adoração dos magos,
emblemática de que todos os povos, línguas e nações um dia se prostrarão diante
do Senhor Jesus e o adorarão, como o Apocalipse também afirma.
Hoje, vemos novamente Jesus sendo reconhecido, mas como muito mais do
que um rei: Jesus é reconhecido pelo próprio Deus Pai como sendo seu Filho
amado, em quem tem grande alegria. No Batismo de Jesus nós temos uma clara
manifestação da Santíssima Trindade: enquanto o Filho é batizado, o Pai o
reconhece publicamente como seu Filho, e o Espírito Santo sela, confirma esse
reconhecimento do Pai, descendo sobre Jesus na forma de uma pomba.
Não é por acaso que, quando Jesus institui o Sacramento do Batismo para
a Igreja no final deste mesmo Evangelho, ele coloca como fórmula batismal não
apenas o seu próprio nome, não o nome de Deus de forma genérica: o Batismo é
instituído em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Das três pessoas da
Santíssima Trindade, presentes no Batismo de Jesus.
O Batismo foi a preparação de Jesus para sua tentação no deserto, e
para o desempenho de todo o seu ministério terreno, que ele declarou consumado
ao se entregar na cruz do Calvário.
Filipenses vai nos dizer que Jesus, sendo Deus, não se apegou aos
atributos da sua divindade. Antes, ele se esvaziou. Da sua onipotência, da sua
onipresença, da sua onisciência. Enquanto Jesus esteve entre nós com forma de
servo, assumindo a natureza humana, ele estava sujeito à mais absoluta
dependência do Pai, por meio do Espírito Santo. E todos os sinais e maravilhas
que ele fez, não fez por conta própria, mas na dependência do Pai, por meio do
Espírito Santo.
João Batista tentou dissuadir Jesus de ser batizado: Eu é que preciso
ser batizado por ti, e tu vens a mim? Mas para Jesus, ser batizado era uma
questão de justiça; descendo ao Batismo como qualquer pecador arrependido,
Jesus cumpre a justiça de Deus: o Filho se identifica de tal maneira conosco,
que mesmo sem pecado ele assume a identidade de pecador. Nas palavras de Paulo
em II Coríntios, aquele que não conheceu o pecado se fez pecado por nós. E
descendo ao Batismo, Jesus nos aponta o caminho que ele mesmo trilhou, de uma
vida de dependência do Pai, que vai culminar na Cruz do Calvário. E nos convida
a trilhar esse mesmo: quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua
cruz e siga-me.
O Batismo foi a preparação do Senhor Jesus para uma vida e ministério
na dependência do Pai, pelo poder do Espírito Santo. E para nós, hoje, o Sacramento do Batismo é
igualmente a porta de entrada e a preparação para uma vida cristã na dependência do Pai, pelo poder
do Espírito Santo, em nome de Jesus.
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