Traduzido de What is sacramental church planting?, em
Anglican Church in North America.
Por Rev. Cônego Dan Alger*
“Se é que você curte esse tipo de coisa.”
Uma vez eu fui com um amigo visitar uma igreja que estava
sendo plantada, que tinha raízes na tradição não-denominacional. Ele estava
animado para me levar, porque a sua igreja partilhava da Ceia do Senhor
semanalmente, e ele sabia que eu “curtia Comunhão”.
Nesta ocasião em particular, o pastor concluiu o culto com
uma oração, a música de saída começou a tocar no som da igreja e ele desceu do
palco. Estávamos pegando nossas coisas para ir embora quando ele correu de
volta pro palco, ligou o microfone e disse: “Ah, me desculpem. Esqueci de dizer
que, na saída, temos um pouco de pão e suco numa mesa perto da porta. Os
cristãos chamam isso de Comunhão e têm feito isso por milhares de anos. Se você
curte esse tipo de coisa, adoraríamos se vocês pegassem um pouco ao saírem”.
Como um anglicano, minha alma sacramental se contorceu. Eu
literalmente fiquei de pé onde estava e fiz uma oração silenciosa, intercedendo
pelo povo, enquanto as palavras de I Coríntios 11 passavam pela minha cabeça. “Pois
quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Por esta
razão há entre vós fracos e doentes, e não poucos os que dormem” (29, 30). Me
senti como Moisés, esperando uma praga se alastrar como uma onda, até parar em
minhas mãos estendidas. Foi uma justaposição profunda, ouvir a expressão
desinteressada do pastor, “se você curte esse tipo de coisa”, e a clara
expressão de alerta para a importância de se achegar à Eucaristia com cuidado,
solenidade, respeito e temor, em Paulo: “É por isto que alguns de vocês
morreram!”.
Conquanto erros assim sejam comuns entre plantadores e
pastores bem-intencionados, os novos trabalhos missionais nem sempre têm uma
sacramentologia descuidada. Eu já celebrei a Eucaristia com os paramentos
dispostos sobre uma mesa de plástico em uma quadra que cheirava a adolescentes
suados, e experimentei algo transcendente e belo, algo antigo, mas imediato. O
que faz a diferença em uma plantação de igreja, entre uma experiência dos
Sacramentos que é santa, e outra que é desleixada?
A interseção entre Sacramento
e Plantação de Igreja
Em anos mais recentes, a plantação de igrejas explodiu em
popularidade em nosso contexto norte-americano (tanto por boas quanto por más
razões) e, ao mesmo tempo, as antigas práticas sacramentais de nossa igreja têm
recebido um interesse e atenção renovados. Era inevitável que essas duas
tendências se cruzassem. Como um plantador de igreja anglicano, e visto que os
Sacramentos e a plantação de igrejas são duas de minhas maiores paixões na
vida, fico animado tanto por ver a igreja litúrgica recuperar seu lado
missional, quanto por muitas igrejas missionais estarem voltando às suas
raízes. Minha empolgação, contudo, é temperada pela grande variação na
qualidade desse encontro entre missão e Sacramento; às vezes é algo lindo, uma
simbiose vivificante, e às vezes, como já descrito, um acidente de caminhão dos
mais encarniçados.
Eu não acredito que a distinção seja apenas de prática; ela
está mais profundamente arraigada no ethos,
influência e ordem. Existe uma diferença fundamental entre plantar uma igreja
sacramental e plantar uma igreja com a Comunhão enfiada desajeitadamente no
final do culto. Em outras palavras, existe diferença entre plantar uma igreja
sacramental e plantar uma igreja com verniz
sacramental.
Verificar se você está engajado em plantar uma igreja
missional ou não, não é uma questão meramente pragmática ou metodológica. Não é
apenas quão bem você celebra os rituais relativos à Comunhão ou ao Batismo
(embora a sua execução seja importante). Não é simplesmente uma questão de como
celebramos os Sacramentos, a questão é se os Sacramentos moldam quem nós somos,
ou não.
Na plantação de igrejas sacramentais, a Comunhão e o Batismo
não são simplesmente “acréscimos”. Nós não os integramos aos nossos esforços
porque estão na moda, são chiques ou simplesmente úteis; eles são o ponto
central de nosso culto, o meio primeiro de catequese e discipulado, o alicerce
da nossa devoção, a fonte do nosso ser comunidade. Através dos textos
litúrgicos que cercam a nossa prática sacramental, nós ensinamos doutrina e
mantemos comunhão com nosso Deus e uns com os outros. Plantar uma igreja
sacramental significa que a identidade, função e valores da nova comunidade de
fé fluam de nossa realidade sacramental. Em uma plantação de igreja que simplesmente
inclui os Sacramentos, estes são apenas uma pequena peça entre tantas outras.
Em uma plantação de igreja sacramental, porém, o todo maior é fundamentalmente
moldado pela nossa compreensão e prática dos Sacramentos. A centralidade dos
Sacramentos significa que a igreja plantada assume a natureza e os atributos de
um Sacramento em sua forma e função.
O Catecismo da Igreja Anglicana de 1662 define Sacramento
como “um sinal externo e visível de uma graça interna e espiritual. Deus nos
concede o sinal como um meio pelo qual recebemos tal graça, e como uma garantia
tangível de que de fato a recebemos.” Assim, um Sacramento é um sinal, um meio
de graça e uma garantia tangível. A única razão para a importância das ações
físicas é a realidade espiritual que elas expressam e transmitem. Uma plantação
de igreja sacramental compreende sua natureza da mesma forma: o propósito de se
plantar uma igreja sacramental é ser uma manifestação física do Evangelho da
graça, um meio pelo qual o povo pode receber essa graça, e a presença da igreja
deve ser uma garantia da realidade da obra redentiva de Deus. Assim, todos os
aspectos físicos da plantação são determinados pelo Evangelho e um meio de
graça do Evangelho. Isto tem implicações profundas no jeito que plantamos uma
igreja sacramental.
Um Sacramento é
dependente e convidativo... plantar igrejas também.
Sem a iniciativa de Deus, a Eucaristia é simplesmente hora
do lanche. Sem a substância espiritual, os acidentes físicos são simplesmente
trigo moído e uvas espremidas. Sem a contínua obra redentiva do Evangelho, a
plantação de igreja é mero empreendedorismo. Se nossa obra de plantação for
motivada por qualquer outra coisa que não a glória de Deus, a proliferação de
seu Evangelho e o crescimento da Igreja universal, estamos apenas trabalhando
para gerar nosso contracheque, ou um legado, ou uma instituição. Sem o
movimento de Deus, nossos esforços são em vão. Igrejas sacramentais em
plantação encaram a visão de sua obra como sendo dependente do mover de Deus
para ter qualquer eficácia, mas também acreditam confiantemente que ele de fato
está presente na obra, e nos convidando para participar com ele, assim como nos
convida para as suas águas do Batismo e sua mesa da Comunhão. Assim, a
plantação de igrejas sacramentais compreende que nossa frutuosidade não vem
simplesmente de aplicar a técnica, mas antes, do mover soberano de Deus,
convidando-nos e a outros para sua contínua obra redentiva.
Em um Sacramento, a
graça espiritual é o fator definitivo, mas o sinal físico é vitalmente
importante... Na plantação de igrejas, também.
Como anteriormente citado, os Sacramentos não têm valor
senão por serem a Palavra visível, que aponta para a gloriosa obra do
Evangelho. Embora a verdade espiritual seja primordial, a natureza e qualidade
do sinal físico que a expressa tem grande importância. A celebração desleixada
da Ceia causou doença e morte em Corinto; isto era uma questão espiritual de
falta de arrependimento e respeito, mas se refletia em expressões fisicas
inadequadas de embriaguez e desrespeito. Em outras palavras, o “como” é tão
importante quanto o “quê” e o “porquê”. Isto traz implicações para a plantação
de igrejas sacramentais porque vemos nossas igrejas como o sinal físico que
aponta para a graça espiritual do Evangelho, de modo que se somos um sinal
desleixado, refletimos uma verdade desfigurada. Nossos fins não justificam
nossos meios. Não crescemos ou somos bem-sucedidos na plantação de igrejas a
qualquer custo, mas antes, nossa prática de plantação deve refletir a mensagem
que estamos ensinando, porque de muitas maneiras, assim como os Sacramentos são
o Evangelho visível, da mesma forma são os nosso métodos para a nossa mensagem.
Esta postura nos faz refletir sobre todos os nossos meios de nos reunir, traçar
estratégias, fazer propaganda, organizar e dirigir a plantação de modo que
espelhem o Evangelho, do qual devem ser uma garantia. Os Sacramentos, portanto,
tornam-se nosso manual para a plantação, abaixo apenas da Escritura, e antes de
quaisquer outros escritos, livros, mentores ou conferências.
Em um Sacramento, o
estético é valorizado... E na plantação de igrejas também.
A importância do sinal visível como um portal para a
vivência de algo maior naturalmente conduz a uma valorização das coisas de
beleza que nos conectam com a noção de uma realidade mais profunda. A plantação
de igrejas sacramentais deve, portanto, tomar grande cuidado em não ser
simplesmente um exemplo e sinal físico adequado da qualidade de nossos métodos,
mas também da expressão criativa e artística de nossos esforços. Por exemplo, o
culto é a atividade exigida da Igreja, mas é codificado de uma certa forma
através da expressão musical. Assim, se o culto é importante, então nossa
música é importante. Nossa música é mais do que simplesmente divertida ou
nostálgica, é uma oferta presente de louvor ao Deus santo, como parte de uma
grande tradição e, portanto, deve ser teologicamente rica e esteticamente bela.
Ela deve ser fiel e de boa qualidade. Nós não adotamos simplesmente o que está
na moda e é popular, nós avaliamos as coisas segundo sua qualidade e
substância. Parte de nossa missão e propósito é oferecer o nosso melhor.
A vivência do culto sacramental é rica tanto em símbolos
profundamente históricos quanto em expressões contemporâneas. Somos bem
arraigados e relevantes. Valorizamos a beleza porque não é simplesmente beleza
por beleza, mas antes, porque cremos que ela nos aponta para o esplendor de
nosso Criador. Nossos cultos, nossas páginas de internet, nossa música, toda a
nossa expressão criativa deve ser feita com os nossos melhores esforços para a
glória de Deus. Compreender a estética sacramentalmente, de modo que nossa
estética também aponte para uma realidade maior, agrega valor ao que é criado e
ao próprio processo de criação. Não estamos simplesmente procurando “rotular”
nossa igreja ou fazer marketing de nossos esforços. Não estamos tentando ficar
na moda, sermos legais e relevantes em nossos cultos. Uma compreensão
sacramental do estético significa que temos uma responsabilidade pela qualidade
e integridade em todas as nossas expressões gráficas, musicais e artísticas,
porque o como nos expressamos revela o valor do objeto para o qual a expressão
está apontando. Assim, na plantação de igrejas sacramentais nós precisamos dar
grande valor à qualidade, santidade e efetividade de todas as nossas expressões
externas, sejam elas simbólicas, impressas, em áudio, digitais ou em qualquer
outra mídia.
Um sacramento é
comunitário... Plantar igrejas também.
“Comunidade” é uma palavra muito usada no mundo da plantação
de igrejas, e com razão. Devemos, porém, ter uma compreensão bíblica do que ela
significa. Em uma igreja sacramental, a comunidade é definida pelos e praticada
nos Sacramentos. Ela não é deixada simplesmente para reuniões sociais, grupos
pequenos nem mesmo definida primordialmente por atividades como a prestação de
contas ou o cuidado pastoral. Como se entra na comunidade e como ela é mantida
não são questões ditadas por sistemas ou pelo mais recente livro sobre
assimilação. Em nossa compreensão pactual de comunidade como o povo de Deus que
é receptáculo de suas promessas, coerdeiros com Cristo e participantes de sua
missão, entra-se através do Batismo e pratica-se na Eucaristia.
Um Sacramento é
catequético... Plantar igrejas também.
Na plantação de igrejas sacramentais, os Sacramentos são
nossa fonte primordial de catequese e discipulado. Os textos litúrgicos que
cercam nossa prática dos Sacramentos ensinam a doutrina da Igreja de uma forma
viva. Eles apresentam a doutrina através de pontos factuais, em forma narrativa
e com a recitação das Escrituras, mas também revelam que nossa doutrina deve
ser compartilhada comunitariamente, experimentada coletivamente, vivenciada
pessoalmente e proclamada externamente. Os Sacramentos quebram as barreiras
entre a instrução intelectual, a experiência pessoal e o serviço missional.
Embora outros livros e currículos sejam bons e importantes, os Sacramentos
permanecem como nossos principais professores da verdade da Escritura.
Um Sacramento é
missional... Plantar igrejas também.
Cristo nos deu dois Sacramentos, o Santo Batismo e a Santa
Comunhão. A Comunhão é a refeição familiar na qual os membros da comunidade da
aliança reúnem-se em relacionamento uns com os outros e com o próprio Cristo. É
uma refeição apenas para os crentes, pois, para participar deste momento
íntimo, é preciso primeiro responder ao convite do anfitrião. Esta tem sido a
prática da Igreja por milhares de anos. Há uma certa exclusividade na
Eucaristia. Ao mesmo tempo, contudo, há uma porta aberta para todos os que
desejam entrar; embora apenas os que pertencem à família possam participar da
refeição, a beleza do Evangelho é que um convite para passar a pertencer a ela
é dirigido a todos os que quiserem, buscarem e se sujeitarem ao arrependimento
e à crença. A exclusividade da Comunhão deve revelar a nossa necessidade do
Batismo, mostrar que, para participar, é preciso entrar. Cristo nos deu o
Batismo como a entrada para esta família, para vivenciar sua presença através
da reconciliação. Os Sacramentos, quando vistos como um par, refletem a verdade
do Evangelho, de que um relacionamento íntimo com Deus é possível, mas que nele
não se entra por nossa própria presunção ou iniciativa, senão da forma
prescrita por Deus – ninguém vem ao Pai senão atravessando o portão do Filho.
Nós nos achegamos à Comunhão através do Batismo, assim como entramos em
relacionamento com Deus através da fé em Jesus, sendo lavados por sua graça. Os
Sacramentos são o Evangelho visível e, portanto, trazem definição a como somos,
verdadeiramente, parte do povo de Deus e a como a Igreja pode incorporar
outros.
Os Sacramentos mostram que não podemos presumir que sejamos
membros da comunidade da aliança, tanto quanto um estranho na calçada não pode
presumir que tenha o direito inerente de participar de nossa ceia familiar de
Ação de Graças. A natureza convidativa e missional dos Sacramentos, porém,
implora às pessoas que não permaneçam em seu isolamento e exclusão, mas que
vivenciem a alegria da acolhida em uma nova família. “Entre, não se faça de
rogado! Entre, coma e beba!”, exorta Jesus através do Batismo e da Eucaristia,
assim como faz a igreja em plantação, em seu nome.
A igreja é relembrada de nosso propósito missional
seguidamente, por estar ele entretecido em toda a estrutura de nossa liturgia:
a cada domingo, nossa liturgia proclama a primazia da glória de Deus na Aclamação
de abertura, revela nossa necessidade de graça ao nos achegarmos a um Deus
santo através da Oração por pureza, nos reúne na Oração de coleta, proclama a
Palavra por meio da Leitura e da Pregação, convida-nos a responder à Palavra
através de Confissão e Oração, oferece-nos um momento de reconciliação de
relacionamentos na Saudação da Paz, permite-nos vivenciar a realidade de nossa
nova família através da refeição comunitária na Eucaristia e nos envia de volta
ao mundo para o trabalho da missão que ele nos confiou para aquela semana, com
o Envio. No próximo Dia do Senhor, o ciclo se repete – reunidos pela graça,
para receber graça, ser enviado para doar graça e trazer outros à graça. A
liturgia e os Sacramentos nos mostram que somos ao mesmo tempo a Igreja reunida
e enviada. Para a igreja sacramental, os Sacramentos não são apenas ações que
são parte de nossa obra, mas neles encontramos a própria natureza de nosso
propósito missional.
Um Sacramento é um
ato de submissão... plantar igrejas também.
Não podemos tomar os Sacramentos e fazer o que quisermos com
eles. Eles não pertencem exclusivamente a nós. Concordando que os Sacramentos
sejam corretos, bons e relevantes é concordar que nossos esforços missionais precisam
ser submetidos a algo maior do que nossas inovações modernas e preferências
locais. Não podemos abraçar o conceito de Sacramento sem adotar a forma,
prática e tradição do Sacramento. Submissão a Deus, à Igreja, à grande tradição
e uns aos outros é algo central aos Sacramentos, e precisamos de mais disso em
nossos esforços de plantação de igrejas. Isto não é para sufocar a
criatividade, ou a espontaneidade ou a contextualização da obra do Espírito,
mas antes, faz com que tenhamos de prestar contas de nossos caprichos e nos
arraiga em uma tradição maior do que nós mesmos. Não somos os primeiros
cristãos do mundo, nem os primeiros plantadores de igreja a praticar a arte de
iniciar novas congregações. A plantação
de igrejas sacramentais concorda que aqueles que vieram antes de nós devem
opinar em como trabalhamos hoje. Nos é permitida uma fidelidade criativa, e
aderir à forma e natureza do Sacramento nos fornece limites para tal esforço,
de modo que não inventemos moda fora do escopo da fidelidade. A plantação de
igrejas sacramentais reconhece que plantar igrejas não é uma folha em branco sobre
a qual construir nosso próprio reino com nossos próprios métodos e desejos, mas
que é simplesmente nossa vez de carregar a tocha que muitos antes de nós
carregaram, e muitos depois de nós continuarão a carregar. Submetermo-nos à
prática correta dos Sacramentos nos encoraja à humildade e limita a noção
moderna de empreendedorismo que pode levar à idolatria, ao mesmo tempo em que
nos dá também uma noção de tempo e de perspectiva em nossa missão.
Todas as implicações da plantação de igrejas sacramentais
que eu dispus neste breve artigo podem ser resumidas no que os Reformadores
ingleses chamaram de “similitude”. Autores, incluindo Cranmer e Ridley,
ensinaram que a escolha de Cristo para os sinais físicos específicos dos
Sacramentos tem valor por causa de sua semelhança simbólica à verdade
espiritual que representam. Agostinho colocou desta forma: “Se os Sacramentos
não tivessem algum ponto de real semelhança com as coisas das quais são
sacramentos, eles não seriam Sacramentos de forma nenhuma” (Carta 98.9). Nós
mergulhamos nas águas do Batismo dada a sua semelhança com a lavagem e o novo
nascimento. Na Comunhão, usamos pão porque ele se parte como o corpo de Cristo,
e alimenta nosso corpo físico assim como o corpo de Cristo nutre nossas almas.
Usamos vinho para a sua semelhança ao sangue derramado de Cristo e ao fato de
que muitas uvas, unindo-se para compor um único copo de vinho, demonstram a
unidade que é criada através do sacrifício de Cristo. Acima de tudo, tanto o
trigo quanto a uva tiveram de morrer para nos dar vida através de seu sustento,
assim como Cristo deu a sua vida de modo que pudéssemos viver. Há um motivo
para as escolhas da água, do pão e do vinho, porque são similares àquilo que
representam.
Assim como há similitude nos Sacramentos, deve haver similitude
em nossa obra de plantação de igrejas. Nossas ações concretas e temporais na
obra da plantação não têm valor a menos que estejam propriamente fundamentadas
na, e tenham grande semelhança com a verdade do Evangelho. Usar um sinal
dissemelhante anularia a natureza do Sacramento, e plantar uma igreja dissemelhante
ao Evangelho violaria a natureza da Igreja. Portanto, na plantação de uma
igreja sacramental, empenhamos grandes esforços na santidade e propriedade da
celebração dos dois Sacramentos ordenados por Cristo de modo a glorificar a
Deus, edificar a Igreja e alcançar os perdidos. Ao fazê-lo, os Sacramentos não
são uma parte do trabalho que fazemos; antes, as lições que aprendemos e a
realidade de Deus, que vivenciamos nos Sacramentos, moldam e dão forma a cada
elemento da prática do ministério. Desta forma, a plantação de uma igreja
sacramental é um sinal físico da graça de Cristo, um meio pelo qual o mundo
pode receber essa graça e a comunidade e obra da Igreja são uma garantia
tangível da veracidade das promessas de Deus. Isto é plantação de igrejas
sacramentais, e a gente curte esse tipo de coisa.
“Assim Deus faz conhecido o seu propósito secreto à sua Igreja: primeiro ele declara a sua misericórdia por sua Palavra, então ele a sela e garante por seus Sacramentos. Na Palavra nós temos suas promessas; nos Sacramentos, nós as enxergamos” (John Jewell, Dos Sacramentos).
* O Rev. Cônego Dan Alger é o Cônego Provincial para a
Plantação de Igrejas da Anglican Church in North America.
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