Por Michael Spencer (iMonk)
Originalmente publicado em InternetMonk, 14 de agosto de 2009. Traduzido com permissão.
Link para um ótimo artigo (em inglês) sobre o design do espaço litúrgico no Calvin Institute of Christian Worship.
Nota: alguém me perguntou onde foi que eu, um Batista do Sul, peguei a febre da liturgia. Eis aqui uma foto da Igreja Batista de Highland, em Louisville, onde eu ministrei por três anos. Do presbitério. E do lado de fora.
O culto da Nova Aliança pode acontecer em qualquer lugar, a qualquer momento. Não existe um tipo de lugar especificada nas Escrituras, nem qualquer disposição dos elementos externos do culto que nós somos mandados imitar.
Nossos amigos católicos romanos têm uma abordagem bem intencional, e bem fascinante, do espaço de culto, que busca colocar cada local de culto em um padrão que tenha continuidade com a revelação de Deus na antiga e na nova aliança. O espaço de culto evangélico é certamente afetado por isso, mas nossa abordagem do espaço de culto é mais influenciada por preocupações pragmáticas do culto, a centralidade da Palavra e as várias tradições que influenciam cada congregação em particular.
Não há nada no culto evangélico que exija que nos abstenhamos de coisas que possam ser consideradas "católicas". No entanto, é provável que, assim como a Reforma influenciou cristãos e evangélicos com algumas peculiaridades, alguma atenção seja dada a outras tradições, algumas locais, outras históricas, que influenciarão a disposição do espaço de culto.
O que é importante é saber que um espaço de culto evangélico é livre para ser tão simples ou tão complexo quanto cada congregação individual deseje que ele seja. Deve haver um senso de liberdade na Nova Aliança de se organizar e de se reorganizar o espaço de culto. Os evangélicos devem compreender o conceito de espaço sagrado, mas de uma forma que enfatize o cumprimento dos elementos da Antiga Aliança na Nova.
Como um espaço de culto deveria ser chamado? Um templo? Um santuário? Um centro de adoração? Um auditório? Essas escolhas podem refletir a teologia prevalente na congregação em particular, mas nenhuma é determinada na Bíblia.
Seguindo uma compreensão evangélica do Evangelho, no entanto, eu diria que um espaço de culto evangélico deveria conter, no mínimo:
Uma mesa para a Ceia do Senhor (é improvável que qualquer evangélico fique confortável em se referir a ela como um altar, o que creio que jamais deve ser feito).
Um batistério, segundo o entendimento confessional da congregação. Para algumas igrejas, um batistério pode não ser possível por causa dos custos ou da localização (ponto para os protestantes que batizam por aspersão ou efusão).
Um púlpito. Púlpitos centralizados no presbitério apontam para a centralidade da Palavra no protestantismo, mas um presbitério dividido não é obstáculo para ela.
Uma cópia pública das Escrituras. Isso reconhece que a Bíblia é o livro da Igreja, e não apenas nosso livro individual.
Instrumentos que NÃO fiquem centralizados ou postos em lugares que atraiam atenção para si. De novo, para algumas congregações isso é um problema. Minha objeção é contra colocar a banda ou o órgão em uma posição ostensivamente central.
Arte que complemente o espaço de culto e, novamente, que não fique em uma posição que distraia a atenção. Faixas, etc., deveriam se integrar naturalmente ao espaço, e não dominá-lo. Para muitos evangélicos, uma cruz (não um crucifixo) é um ponto de foco central apropriado
Nada de bandeiras.
Telas de projeção estão se tornando um elemento central de muitos locais de culto. Obviamente, há vantagens e desvantagens, que serão discutidas quando abordarmos hinários e música. Meu argumento é que as telas sejam pequenas, retráteis e, tanto quanto possível, JAMAIS uma presença visual permanente no espaço de culto, mesmo que isso exija algum movimento que cause distração. A semelhança de uma grande tela centralizada com a de um cinema não é para ser ignorada.
Sistemas de som deveriam operar pela mesma regra. Eles não deveriam dominar ou chamar atenção, mas complementar e se integrar ao ambiente. Excesso de amplificação é ainda pior do que volume insuficiente. Para muitas igrejas evangélicas, um orçamento limitado e mudanças freqüentes no espaço de culto vão significar que um conjunto de caixas de som móveis devem ser a melhor escolha. Novamente, a atmosfera de "casa de shows" criada por caixas de som grandes e mal-localizadas não ajuda.
O mesmo vale para iluminação especial. As soluções de iluminação adotadas devem se integrar, e não dominar, chamar atenção ou transformar o espaço de culto em outra coisa. A tentação de brincar com som e luz é demais para muitos líderes de louvor. Moderação é elogiável.
Os assentos são uma questão que depende de muitos fatores variáveis, mas não há nada de errado com conforto, e muito de errado com desconforto e dificuldade de entrada e saída. Há muito para não se gostar nos bancos, e muito para se gostar em uma boa coleção de cadeiras que podem ser reorganizadas.
Eu mencionaria que o culto evangélico é livre para empregar uma grande variedade de meios e de execução, então há muito que se elogiar em um espaço de culto que possa facilmente ser reorganizado para diversos tipos de culto. Novamente, não estamos olhando para nossos espaços de culto como catedrais, e muitas igrejas não têm como ter múltiplos espaços para múltiplos tipos de culto. Se os ofícios de Quinta-Feira Santa e Sexta-Feira da Paixão exigem flexibilidade de organização para uma encenação dramática, isso não precisa ser evitado.
O espaço para o culto evangélico deveria ser flexível, simples, utilizável para vários tipos de ministérios e deixado livre de elementos que distraiam de seu propósito central de reunir o povo de Deus em torno das dádivas de Deus.
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