sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Catedral Evangélica de São Paulo

Cumprindo uma promessa que eu fiz faz dois meses, vou relatar minha experiência na Primeira IPI de São Paulo, que é, senão administrativamente (ainda), ao menos afetiva e arquitetonicamente, a Catedral Evangélica de São Paulo.

Antes de falar sobre o culto que eu assisti por lá, alguns comentários sobre minha experiência com essa igreja, em geral. Fui pra lá participar do XX Seminário de Música Sacra da SOEMUS (no meu entendimento, a maior publicadora de música sacra do Brasil, não apenas entre os protestantes).

O Seminário, coordenado pela lenda viva, Rev. Mst.º João Wilson Faustini, divide-se em aulas, com variados módulos (regência coral básica e avançada, acompanhamento de coro e congregação para músicos, técnica vocal etc.), e também em prática coral. As aulas foram ministradas no monumental (senão pela arquitetura, que é bem International Style, ao menos pelo tamanho) Edifício Eduardo Carlos Pereira. À primeira vista, eu acreditava que, como ocorre na minha igreja, em Franca, o imóvel fosse um prédio comercial de propriedade da igreja e alugado a diversos escritórios, servindo como fonte de renda. Qual não foi minha surpresa ao saber que não, que todos os trabalhos desenvolvidos no ECP são da própria igreja, incluindo uma escola de música com uma impressionante orquestra. E isso reflete diretamente na qualidade da música litúrgica da Catedral. Mais sobre isso adiante.

Eu disse que a Catedral ainda não é a sede administrativa da IPI em São Paulo; existem planos (não sei se já implementados) para se centralizar a administração do Presbitério de São Paulo no alto do ECP. Se isso não tornar a Primeira IPI em uma Catedral de pleno direito, não sei o que mais tornaria!

O ECP ainda abriga a Capela da Catedral, um pequeno e simpático (embora exageradamente zwingliano) santuário. Mesa central, púlpito lateral, um órgão eletrônico (litúrgico, com pedaleiras e manuais completos, nada dessas coisinhas que a gente é obrigado a tocar no interior) e um piano. Queria ter tirado uma foto da capela, mas não pude por falta de tempo.

Também de interesse para mim foi o salão social da Catedral. Não sei se é o caso, mas ele tem exatamente a cara de (conforme o costume presbiteriano) ter servido como templo antes da construção do próprio. Portas e janelas em arco ogival, motivos decorativos em gesso e cimento, janelas em vidro colorido. Por dentro, uma galeria atrás e uma plataforma elevada na frente, que certamente se presta como coro/presbitério. Logo abaixo dele, um piano meia-cauda, que acusa sua idade com orgulho. O salão me pareceu pequeno para o tamanho da congregação da Catedral, mas aparentemente, não é mesmo costume dos nativos ficar de papo e cafezinho depois do culto. Por motivos óbvios que eu vou narrar adiante.

Entre o ECP e o salão, uma quadra poliesportiva relativamente bem conservada, embora carente de uma arquibancada. Não me parece ser usada com freqüência, também.

O templo em si é impressionante, a começar pelo tamanho. É o maior templo protestante que eu conheço (megaigrejas pentecostais não contam, primeiro porque não são protestantes, e segundo, porque não são construídas como templos, e sim como auditórios).

Estilisticamente, o prédio imita o estilo gótico francês por fora. Imita, porque, afinal, ele é construído em tijolo, cimento, ferro e concreto; os elementos decorativos são enchimento de gesso e cimento. Não que isso seja um demérito, ao contrário, no Brasil, qualquer inclinação arquitetônica de uma igreja protestante a um estilo apropriadamente religioso só pode ser louvada! E tudo pintado de um branco impecável (a foto acima é antiga; eu fui logo depois da conclusão de uma reforma geral).

Internamente, o nártex (hall de entrada) é impecavelmente gótico, com o teto em abóbadas ogivais. Na nave, encontramos uma marca que é muito mais patente no gótico inglês: um teto reto de madeira trabalhada, envernizada (laqueada, talvez) e bem polida.

O prédio segue o esquema geral de construção em cruz, em três camadas verticais; nível do chão, trifório e clerestório. No nível do chão, encontramos janelas altas. No trifório, uma galeria que começa na área sobre o hall de entrada e estende-se sobre as laterais da nave, tomando também os transeptos. E janelas no clerestório.

Exceto por algumas janelas de vidro transparente na galeria, todas as demais são belos vitrais com motivos florais (certamente uma concessão da época aos pendores puritânicos comuns em São Paulo -- e todos sabemos como os puritanos abominam arte figurativa, mesmo que seja de passagens e personagens bíblicos...).


Curiosamente, os vitrais podem ser abertos, ajudando na ventilação do lugar. Não que costumem ser necessários; a combinação de pé-direito alto e revestimentos de pedra lisa ajuda a manter uma temperatura constante e agradavelmente fria.

O Presbitério é elevado em quatro degraus (será que é pra evitar o três, comum nas igrejas romanas, ou é pra facilitar a vista do povo?). Nele, temos o púlpito do lado esquerdo (tenho fotos antigas da Catedral em que ele ficava na posição central comum às igrejas puritanas). No centro, a Mesa do Senhor com um número absurdamente grande de cadeiras. Ao fundo, na ábside, a jóia da Catedral: um órgão Austin (Opus 353) de ação eletropneumática, de 1911. Dois manuais de cinco oitavas e uma pedaleira completa. Não anotei as especificações de registração, mas a organista me fez notar que não há registros de 32 pés, apenas alguns de 16 no Grande e na pedaleira (e mesmo esses, para caber, são curvos). Mais detalhes podem ser vistos no site da Catedral.

Bom, sobre o culto da Catedral. Vou seguir o esquema dos relatórios do Mystery Worshipper, do site Ship of Fools, embora eu fosse tudo menos anônimo nesse culto.

O boletim desse domingo, com a liturgia, pode ser encontrado aqui.

A Igreja: Catedral Evangélica de São Paulo (Primeira Igreja Presbiteriana Independente)
Denominação: Igreja Presbiteriana Independente do Brasil
A vizinhança: A Catedral fica no "canto leste" da Consolação, em São Paulo, perto da Praça da República (e respectiva estação do Metrô).
Elenco: Revs. Abival Pires da Silveira, Elizeu Rodrigues Cremm e Valdinei Aparecido Ferreira, além de duas simpáticas diaconisas e alguns presbíteros.
Dia e hora: Domingo, 31 de agosto de 2008, 10h45.

Qual foi o nome do culto?
Culto das 10h45, 22.º Domingo do Tempo Comum. Era, também, pelo calendário presbiteriano, o Dia do Pastor, o que causou uma confusão engraçada: os paramentos do templo eram verdes, mas os ministros estavam de estolas brancas!

Quão cheio estava o prédio?
A nave estava cerca de 70% ocupada. A galeria geralmente só é aberta para cultos especiais.

Alguém lhe cumprimentou pessoalmente?
Eu estava acompanhado de um dos presbíteros da igreja, que me apresentou a um monte de gente e aproveitou para fazer propaganda deste blog...

Seu banco estava confortável?
Tanto quanto se espera de um banco de igreja com assento em madeira, sim.

Como você descreveria o ambiente antes do culto?
Nós chegamos em cima da hora, mas as pessoas pareciam chegar aos seus lugares, cumprimentando e conversando pouco e baixo com quem encontravam.

Quais foram, exatamente, as palavras iniciais do culto?
Conforme o boletim, foi o intróito Povo Santo, de M. A. Campra, arranjo e versão brasileira de J. W. Faustini. Seguiu-se uma oração doxológica extemporânea pelo Rev. Abival.

Quais livros foram usados pela congregação?
A Bíblia mais comumente usada no presbiterianismo brasileiro é a Almeida, Revista e Atualizada, da qual havia vários exemplares nos bancos. A IPIB usa seu hinário oficial, Cantai todos os povos, mas as letras de todos os hinos estavam no boletim.

Que instrumentos musicais foram utilizados?
Órgão de tubos e orquestra (formação sinfônica tradicional).

Alguma coisa o distraiu durante o culto?
Meu hiperativo anfitrião fazia comentários constantes sobre a qualidade da liturgia e o andamento do culto. Em geral, bastante engraçados.

O culto foi engessado, saltitante, ou o quê?
Seminaristas e detratores em geral chamam o culto da Catedral de "missa". Certamente é a liturgia presbiteriana mais elaborada da cidade de São Paulo, bastante formal. Mas fluiu naturalmente, sem a teatralidade que trai quem "não é, mas tenta ser" litúrgico.

Qual foi a duração do sermão?
Coisa de uma meia hora.

Em uma escala de 1 a 10, qual a nota do pregador?
7; A mensagem foi teologicamente sólida, mas eu não sou exatamente um fã de alegorias na pregação.


Em suma, sobre o quê foi o sermão?
Nós devemos ter na Palavra de Deus a nossa segurança, assim como o alpinista põe a sua nos grampos cravados na rocha.

Que parte do culto foi como estar no céu?

O simples fato de poder participar de um verdadeiro culto high church foi o ponto alto do meu mês, quiçá do meu ano. A organista manda muitíssimo bem, e a seleção musical do dia foi excelente. Poder cantar um dos antemas com o coro foi muito legal, também.


E qual parte foi como estar... tipo... no outro lugar?
Eu realmente não gosto de sermões alegóricos. Foi o único ponto negativo.

O que aconteceu quando você ficou lá com cara de perdido?
Meu anfitrião não deixou isso acontecer... Ainda me conseguiu dois números da revista oficial da Catedral, com bons artigos sobre história e teologia. Minha viagem de volta para Franca foi bastante instrutiva!

Como você descreveria o café depois do culto?
A Catedral parece não ter esse costume, visto que o culto das 10h45 acaba por volta da 1 da tarde... Todo mundo volta correndo pra casa ou pro restaurante mais próximo. Eu corri pra filial mais próxima da tradicional Padaria Sta. Efigênia, já que tinha um ônibus pra pegar mais tarde.

Como você se sentiria em fazer dela a sua igreja, de 0 a 10?
10! Se eu morasse em São Paulo, talvez apenas a Igreja Luterana fosse um páreo duro para a Catedral.

O culto lhe fez sentir-se feliz em ser cristão?
Com certeza!

Diga uma coisa da qual você certamente vai se lembrar ao longo da semana.
O som do órgão de tubos. Aquele final de semana foi, afinal, minha primeira vez ouvindo um!

13 comentários:

Robson Diem disse...

caraca... deu vontade de conhecer essa catedral! um dia quando eu for em SP...

Eduardo H. Chagas disse...

Rapaz, é uma experiência e tanto! Tendo a oportunidade, vá sim!

José Mário Gonçalves disse...

Conheci a Catedral num culto de Santa Ceia. gostei muito do que vi.

Anônimo disse...

Queridos com todo respeito, "catedral" evangélica ou presbiteriana é uma contradição de termos. Catedral é a Igreja onde fica a cátedra (cadeira) do bispo, um dos símbolos de sua autoridade e sucessão apostólica, o que é rejeitado por presbiterianos e outros evangélicos, logo, não pode haver "catedral" nestas denominações.

Da mesma sorte é a idéia de se ter um leigo ordenado (diácono e presbítero), se é leigo não pode ser ordenado, se foi ordenado não é mais leigo.

Admiro muito a idéia deste blog de tentar resgatar uma liturgia cristã histórica e reformada, mas por uma questão de coerência faz-se necessário admitir que o sistema presbiteriano não favorece a isto.

A liturgia histórica está fundamentada na eclesiologia histórica e esta é exclusivamente episcopal.

Até o século XVI não exisitia as formas "congregacional" e "representativa" de governo na indivisa Igreja de Cristo, e a figura estranha do "presbítero regente" foi uma construção histórica de João Calvino (que nos legou verdades preciosas, mas equivocou-se em algumas coisas também).

Portanto, vejo com muita alegria presbiterianos desejarem a volta ao cristianismo histórico, mas sempre esbarrarão nas questões eclesiológicas, isto é, sua forma de governo é razoavelmente recente e isto influencia a liturgia e até a construção de templos.

Não entendam meu comentário como um ataque pessoal, mas é um contrasenso falar-se em "catedral" evangélica, embora seja muito apreciável igrejas como a 1ªIPI-SP manterem os ritos antigos, ou o mais próximo deles que se puder.

Abraços a todos. Fraternalmente,

Rev. Sandro

Eduardo H. Chagas disse...

Rev. Sandro,

Como disse ainda no início do post, "catedral" é um apelido carinhoso. E que é mantido tanto pela 1.ª IPI de São Paulo quanto pela IP do Rio de Janeiro.

O apelido tem várias razões de ser, excluído o argumento de que não temos cátedras episcopais:

A arquitetura neogótica, como já notado por Abumanssur (2004, p. 119) é popularmente conhecida no Brasil como "estilo de catedral".

Ambas, IPRJ e 1.ªIPI/SP, são as "igrejas-matrizes" de importantes cidades brasileiras, são igrejas nas quais as demais podem e devem se espelhar. E, culturalmente falando, igreja matriz de cidade grande é sempre catedral.

No caso específico da Catedral de São Paulo, ela pode não abrigar a cátedra do bispo, mas breve abrigará (se já não abriga) a sede do Presbitério de São Paulo, que é o nosso equivalente.

Em todo caso, o nome "catedral" é só um apelido carinhoso dado pelo povo ao belo templo da R. Nestor Pestana. E que deveria inspirar a construção de mais templos protestantes com arquietura propriamente religiosa, em vez de galpões ou caixotes de concreto e vidro. Não vejo por que criar caso.

De qualquer forma, não vejo onde ou como o governo presbiteriano preclui uma prática litúrgica (ou arquitetônica) informada pelo cristianismo histórico. Certamente, igrejas como a PCUSA e a Igreja da Escócia discordam disso.

(E sim, isto é um convite ao debate!)

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Eduardo,

Quero me fazer entender melhor: admiro muito estas iniciativas pró-liturgia histórica em todas as comunidades cristãs.

Mas, o que observei quanto ao episcopado é que tudo na liturgia tem haver com a eclesiologia. Por exemplo, em outro post você sugere aos "presbíteros regentes" que usem estola como os sacerdotes o fazem. Ora, "presbítero regente" é uma invenção de Calvino (você mesmo admite que isso não existia antes da Reforma), e o pior é leigo (não sei como entender um leigo ordenado - se é leigo não pode ser ordenado, se foi ordenado não é mais leigo), mas no calvinismo em geral e no presbiterianismo especificamente, o presbítero regente é um leigo, logo não pode usar estola sacerdotal.

O que quis dizer é que o sistema litúrgico histórico está relacionado ao sistema de governo de sempre. Exemplo: Estolas (toga com estola é muito usado, eu mesmo o faço, mas strictu sensu, incorreto), cátedras, báculo, mitra, altar, etc.

Não leve para o lado do ataque denominacional que não é essa a minha intenção.

As Igrejas Presbiterianas dos EUA e da Escócia, embora liturgicamente avançadas, não praticam a liturgia de sempre, exatamente porque são presbiterianas e como tais, são por definição de origem puritana (John Knox fundador do presbiterianismo era puritano, obviamente o Calvinismo continental não era, mas o Presbiterianismo sim, só depois alguns presbiterianos "subiram" liturgicamente).

Finalizo dizendo que aprovo muitíssimo seu apostolado litúrgico no meio presbiteriano e que particularmente tenho muito carinho por esta denominação, mas sinceramente, acho um tanto quanto inglória sua tarefa, haja vista que, 90% dos presbiterianos (IPB, IPI, IPC e IPU) são bastante avessos a nossa querida liturgia.

Atualmente quando vejo uma Igreja Presbiteriana tradicional, já me dou por satisfeito, litúrgica então é quase um milagre...Mas Deus faz milagres, fique firme.

Rev. Sandro
http://igrejaepiscopalsp.blogspot.com

Anônimo disse...

Eduardo,

Estive pensando e resolvi fazer mais algumas colocações:

1. Catedral é diferente de Igreja-Matriz, Basílica e Santuário, portanto, não se pode confundir as coisas, uma vez que estamos falando de liturgia. Igreja-Matriz de cidade grande só é Catedral se a dita cidade for sede de um bispado, do contrário não é Catedral. De mais a mais, apelar para o senso popular em um assunto destes não é correto.

2. Embora Catedral seja apenas um "apelido", é um apelido oficialmente aceito pelas igrejas citadas, basta olhar o endereço do site oficial de ambas.

3. Afirmar que as igrejas citadas "parecem" uma Catedral, de fato é uma verdade arquitetônica, pena que elas são a exceção e não a regra, mas isso não é suficiente para classifica-las como tais. Em SP a situação é ainda pior, pois se trata de uma "Catedral Evangélica" e não só presbiteriana. Será que metodistas, luteranos, batistas, e outros evangélicos vêem nela a sua Catedral?

Rev. Sandro
http://igrejaepiscopalsp.blogspot.com

Eduardo H. Chagas disse...

Rev. Sandro

É ponto pacífico que a teologia dogmática, a eclesiologia e a liturgia caminham, invariavelmente, juntas!

Sobre o uso da estola pelos "ordenados leigos" (na falta de nome melhor), só pretendi restituir o símbolo histórico desses ofícios. Já vi congregações reformadas onde os diáconos cingem-se da estola diaconal (embora o mesmo não façam os presbíteros).

Se, do ponto de vista reformado, não há diferença ontológica entre o presbiterato do regente e o do docente, a estola presbiteral vale para um como para outro (porque, afinal, "não há sacerdotes no cristianismo reformado" -- noção com a qual tenho minhas reservas). Mas minha opinião sobre isso ainda não está consolidada, não. Especialmente em vista do que direi adiante (e que poderá soar contraditório):

Sobre o uso da estola com a toga acadêmica, de um ponto de vista técnico-histórico pode ser considerado incorreto sim. Mas, na minha opinião, serve para simbolizar a dupla função do ministério pastoral: da Palavra (toga) e dos Sacramentos (estola). Representa a dupla qualificação que o ministro ordenado tem, ao contrário, por exemplo, do Licenciado, que só prega, mas não ministra sacramento (será que o Licenciado equivale, então, ao Diácono transicional das igrejas de tríplice ministério? hmmmmm...).

Sobre o uso do apelido "Catedral", e ainda por cima, evangélica, creio ser possível sim (a despeito de concordar com a incorreção do uso do "senso popular" a respeito). Tecnicismos à parte, a 1.ª IPI/SP se pretendia, e imagino que nos tempos áureos ela efetivamente foi, um centro de excelência e de influência para o protestantismo paulistano. Um episcopado moral, por assim dizer. Porque, até então, o anglicanismo paulistano era somente uma capelania para anglófonos, o luteranismo uma capelania para os alemães e não foi senão muitos anos depois que a Igreja Metodista deixou de ser missão americana para caminhar com as próprias pernas. A IPB saiu menor do que a IPI em São Paulo no racha de 1903. E os batistas ainda tinham aquela rixa de nos chamar de "primos" e viviam no mundinho deles mesmo. Os evangélicos-genéricos e pentecostais só nos superaram em número já nos anos 1970, e mesmo o templo da Primeira Metodista, apesar de mais antigo que o da IPI, só foi elevado a Catedral da Terceira Região em 2005...


De volta à eclesiologia: Pessoalmente, prefiro a Mesa da Comunhão em vez do altar, inclusive com a inscrição memorial (embora decore a mesa como se altar fosse, com estante, castiçais e paramentos na cor da estação litúrgica), com pia batismal próxima e o púlpito e o atril à esquerda e à direita. Prefiro o pão único comum ao pão-de-forma picadinho, e ainda hei de empregar cálice único com vinho na Comunhão da igreja que vir a pastorear...

Isso certamente reflete uma churchmanship mais elevada do que a da turma do púlpito no centro com mesa embaixo e taça-de-pavê-batismal, mas não enxergo incompatibilidade com a teologia-eclesiologia reformada. Com a puritana sim, mas não com a reformada, lato sensu.

E, embora os presbiterianos devam alguma coisa, sim, ao puritanismo, do ponto de vista histórico, eu creio que é hora de os presbiterianos brasileiros descobrirem que existe vida reformada fora dos Divines de Westminster. É justamente pela via do intercâmbio com a Reforma do Continente que se começa a campanha pela alta liturgia reformada! Já vi igrejas outrora puritanas, da puritaníssima PCA, resgatarem a saudação trinitária, o diálogo litúrgico e a Grande Ação de Graças. Foi o que aconteceu, e é o que se vê nas liturgias oficiais da PCUSA, da Kirk e da Igreja Reformada Unida da Grã-Bretanha (que, por mais que só sejam adotadas ao pé da letra por uma pequena parte da denominação, ao menos está lá para guiar os novos ministros).

Um abraço, Rev.!

Vandim disse...

Entendo que uma igreja de eclesiologia presbiterial ou, até mesmo, congregacional, pode sim ter catedrais, tanto no sentido estético como no sentido administrativo (Com a cátedra ou sede administrativa). E isso sem ser incoerente com sua forma de governo.
Isso pode ser exemplificado pelo fato de em muitos paises de governo presidencialista e democrático, como o nosso, as sedes de governo são chamadas de palácios.

nei o cara. disse...

Olá.fui a catedral evangélica umas 4 vezez ,a última x que estive foi dia 27/03/11 a mensagem era Erguei os olhos e vede os predios, o culto foi presidido pelo reverendo Abival e rev: valdinei,tinha ido outros cultos iclusive o culto das luzez no natal passado.mas esse dia 27/03/11 nunca mais sairá da minha cabeça por vários motivos um deles porque eu realmente fui a igreja porque tinha sede de Deus,segundo os hinos,as orações comtemplativas tudo me fizeram sentir o quanto sou amado por Deus.sou cristão,mas de outra igreja não protestante ,me sinto bem nela ,mas me senti mais ainda na catedral em são paulo,mesmo não morando em são paulo e ter viajado algumas horas para estar no culto as 10:45.nesse dia fiz uma aliança com Deus.obrigado senhor pelo seu amor e por hj ser uma pessoa melhor e o mais importante sentir seu amor,obrigado em especial por uma pessoa que me levou uma x rapidamente a igreja tambem numa época de natal e ali creio Deus ja me esperava,essa pessoa sabe quem é obrigado caro colega.nei alexandre.

Arthur disse...

Sou da Igreja Martin Luther da IECLB, temos cultos matutinos apenas e, se possível, vou na catedral a noite. É sempre maravilhoso comungar com os presbiterianos. Vc podia fazer uma análise dessa da Martin Luther. Lá temos a liturgia histórica bem preservada e a arquitetura oriunda da Alemanha bem definida, assim como o órgão alemão. Seria muito interessante essa análise.

Arthur disse...

Sou da Igreja Martin Luther da IECLB, temos cultos matutinos apenas e, se possível, vou na catedral a noite. É sempre maravilhoso comungar com os presbiterianos. Vc podia fazer uma análise dessa da Martin Luther. Lá temos a liturgia histórica bem preservada e a arquitetura oriunda da Alemanha bem definida, assim como o órgão alemão. Seria muito interessante essa análise.