segunda-feira, 25 de julho de 2011

Conversa com Nathan

Por David Chilton
Conversations with Nathan extraído e traduzido de Date-Dabitur


Nota: Esta conversa, ou uma versão razoavelmente próxima dela, aconteceu recentemente em uma noite de domingo, quando meu filho de sete anos de idade, Nathan, e eu, visitamos uma igreja evangélica para um culto especial. Embora ela tenha acontecido em várias partes (terminando tarde da noite, naquele domingo), para fins literários eu reconstruí a conversa como se tivesse acontecido inteira durante o culto. Confesso que boa parte dela aconteceu durante o culto mesmo, enquanto eu tentava explicar o culto evangélico para um jovem impressionável.



Nathan: Pai, essa liturgia é bem esquisita...
Pai: Bem, não é exatamente uma liturgia. Eles não acreditam em liturgia nesta igreja.
Nathan: Como eles podem não acreditar em liturgia? Liturgia não é simplesmente o que a gente faz na igreja?
Pai: Sim. Mas o que eu quero dizer é que eles não acreditam em ter um culto preparado e escrito de antemão.
Nathan: Por que não?
Pai: Eles acham que se lerem algo que está escrito, eles não estarão falando de coração.
Nathan: Mas eles só precisam pensar no que significa, e concordar com isso, então eles estarão fazendo de coração, não é?
Pai: É! Mas eles não acreditam nisso.
Nathan: Mas alguém aqui deve acreditar, porque todo mundo aqui cantou do mesmo hinário. Eles não fazem de coração quando cantam os hinos?
Pai: Com certeza. Mas eles acham que com as orações é diferente.
Nathan: Quer dizer que eles podem concordar com uma letra de música que lêem, mas não sabem como concordar com uma oração que eles lerem?
Pai: Alguma coisa assim.
Nathan: Então por que eles não decoram as orações?
Pai: Porque eles acham que assim também não será de coração.
Nathan: Mas eles podem decorar as músicas e cantar de coração?
Pai: Claro! Mas eles acham que música é diferente. Você pode ler ou decorar uma música e ainda cantar de coração. Mas se ler ou decorar as palavras sem música, não será de coração.
Nathan: Então eles não decoram versículos bíblicos?
Pai: Claro que decoram!
Nathan: Mas não fazem de coração?
Pai: Claro que fazem!
Nathan: Sem música?
Pai: É!
Nathan: Como?
Pai: Podemos mudar de assunto?
Nathan: Tá. Por que a gente não confessou os pecados no começo do culto?
Pai: Esta igreja não acredita nisso.
Nathan: QUÊ?!
Pai: Shiu. Fala baixo. Quero dizer que eles não acham que a igreja precisa fazer isso.
Nathan: Não precisamos ser perdoados?
Pai: Claro. Mas eles não acham que isso deva acontecer na igreja.
Nathan: E o Credo? Por que não dissemos o Credo?
Pai: Bom, em parte porque isso é litúrgico. E eles acham que não será de coração, se eles disserem.
Nathan: Eles poderiam cantá-lo...
Pai: Eles não sabem.
Nathan: Ah! Não faz tempo que eles são cristãos, hein? Vamos ensinar pra eles!
Pai: Vamos não.
Nathan: Por que não?
Pai: Porque eles não vão querer fazer isso, mesmo. Porque é litúrgico.
Nathan: Por que eles têm tanto medo de liturgia? Nós podíamos explicar que não é difícil fazer de coração.
Pai: Mas eles não vão querer fazer mesmo assim. Eles querem fazer diferente toda semana.
Nathan: Mesmo? Diferente toda semana?
Pai: É.
Nathan: O que eles fazem de diferente? De vez em quando eles recebem as ofertas no começo do culto em vez do meio?
Pai: Não, isso é sempre no mesmo momento do culto.
Nathan: De vez em quando eles têm o sermão no começo?
Pai: Não, isso é na mesma hora também.
Nathan: Então o que eles fazem de diferente?
Pai: Eles cantam músicas diferentes.
Nathan: Nossa igreja também.
Pai: No fim das contas, a diferença é que eles não têm orações e responsos pra congregação ler.
Nathan: Por que não?
Pai: Eles acham que ler orações e responsos atrapalham a adoração do povo.
Nathan: Mesmo? E o que eles acham que o povo tem que fazer, então?
Pai: Só sentar aqui e não fazer nada.
Nathan: Isso é adoração? Não fica chato?
Pai: Não se os presbíteros mantiverem as coisas interessantes o bastante lá no palco.
Nathan: Presbíteros? Que presbíteros? Quer dizer que aqueles caras lá na plataforma são presbíteros?
Pai: Tipo isso. Mas eles nem sempre usam esse nome.
Nathan: Por quê eles não estão vestindo toga e colarinho pra gente saber o que eles são?
Pai: Eles dizem que os presbíteros não devem usar roupas especiais.
Nathan: Por que não?
Pai: Eles acham que não tem nada de especial nas roupas.
Nathan: Policiais, soldados e juízes usam roupas especiais.
Pai: Bom, eles acham que a roupa não é especial para os presbíteros. Eles acham que os presbíteros devem parecer com todo mundo.
Nathan: Então por que aquele ali está vestindo um terno bordô com uma camisa azul, uma gravata verde e um cinto branco?
Pai: Bom, ainda assim é um terno. A questão é que ele pode vestir o que quiser.
Nathan: Quer dizer que um presbítero poderia vestir toga e colarinho se quisesse?
Pai: Não. Ele pode vestir qualquer coisa, menos toga e colarinho.
Nathan: Então eles acham que a roupa é especial!
Pai: Bem...
Nathan: Ali! Fizeram de novo!
Pai: Fizeram o quê?
Nathan: Ele disse "amém". Viu? É por isso que esse lugar precisa de um livro de liturgia! Metade do povo não sabe quando dizer as coisas!
Pai: Te falei. Eles não mexem com liturgia aqui.
Nathan: Alguns sim. Ouviu? Alguém falou de novo. Se tivessem um livro, poderíamos dizer juntos. Isso evitaria que umas pessoas errassem e falassem enquanto outras pessoas estão falando.
Pai: Nathan, estou te falando, não tem liturgia. As pessoas falam "amém" qualquer hora em que der vontade.
Nathan: QUÊ?! Onde a Bíblia manda fazer isso?
Pai: Não manda.
Nathan: Então por quê eles fazem isso? Não têm medo?
Pai: Por que deveriam ter medo?
Nathan: Porque é um voto, uma declaração de aliança. Não quer dizer que nós concordamos com Deus, e que se nós não mantivermos a nossa promessa, estamos pedindo a Deus pra nos destruir? Não é até um nome especial dado a Jesus?
Pai: É. Mas eles não sabem disso. Eles acham que significa outra coisa.
Nathan: O que eles acham que "amém" significa?
Pai: Eles acham que significa "Eu tô feliz".
Nathan: Olha só!
Pai: O quê?
Nathan: Tem gente levantando as mãos!
Pai: E daí?
Nathan: Na nossa igreja, os presbíteros levantam as mãos pra Deus quando oram. Mas nessa igreja, todo mundo faz isso, quando têm vontade. E eles improvisam sua própria liturgia durante o culto. Sabe o que eu acho?
Pai: O quê?
Nathan: Que todo mundo nesta igreja é presbítero, menos os presbíteros.
Pai: Deve ser a melhor descrição que eu já ouvi.
Nathan: Pai, sabe duma coisa? Esses presbíteros estão de pegadinha com a gente.
Pai: Como assim?
Nathan: Eles têm sim uma liturgia pras orações deles. Eles continuam falando as mesmas coisas de novo e de novo.
Pai: Mesmo?
Nathan: É! Não sei o que querem dizer com isso, mas tem duas palavras especiais que eles ficam repetindo em todas as orações deles.
Pai: Que palavras?
Nathan: Bom, a primeira é "tanto". Eles falam de monte. "Senhor, nós queremos tanto te agradecer tanto por ser tão especial.", tipo isso. Deve estar escrito em algum lugar, porque todos eles fazem isso.
Pai: E qual é a outra palavra?
Nathan: Não é uma palavra. É um som com a língua, tipo um "tsk".
Pai: Quê?
Nathan: Tsk. Tsk.
Pai: Do que você está falando?
Nathan: Escuta. É tipo "Senhor, tsk, nós queremos tanto, tsk, te agradecer, tsk, tanto, Senhor, tsk, por ser tão, tsk, especial, tsk." Viu?
Pai. Tá, sossega e escuta o solo.
Nathan: Peraí, o que esse cara tá fazendo? Que esquisito...
Pai: Shiu. Ele só tá cantando.
Nathan: É, mas ele tá todo se balançando, parece que ele vai cair.
Pai: Bom, é assim que os cantores daqui fazem. Ele só tá tentando balançar no compasso da música.
Nathan: Por quê? É meio ridículo.
Pai: Bom, vamos ver. Por quê nós temos um coral na nossa igreja? O que você acha que eles estão fazendo lá em cima?
Nathan: É parte do nosso culto. Eles nos ajudam a adorar a Deus.
Pai: Certo. Agora, por que você acha que essa igreja tem solistas?
Nathan: Bom, acho que eles estão tentando adorar também. Mas parece mais que eles estão tentando parecer que estão na TV.
Pai: Que nem na MTV?
Nathan: Nem tanto. Mas parece que eles querem que o povo olhe pra eles em vez de orar. A menos que... Você acha que talvez ele só esteja meio enjoado?
Pai: Falamos disso depois. Hora da comunhão, agora.
Nathan: Que é isso aqui?
Pai: Shiu. É pão.
Nathan: Qual é, pai? Que é isso aqui?
Pai: Sério, é pão. Um pedacinho de pão.
Nathan: Me parece mais um pedaço de bolacha de água e sal.
Pai: Bom, é. É um pedaço de bolacha de água e sal.
Nathan: Vamos dar algum dinheiro pra eles poderem comprar pão de verdade?
Pai: Eles têm dinheiro pra isso. Mas preferem fazer assim.
Nathan: Por que alguém iria querer comer isso? Eles gostam do sabor?
Pai: Provavelmente não.
Nathan: Então por que eles iriam querer comer algo que não gostam, especialmente na Comunhão? Nós deveríamos estar felizes quando comemos com Deus.
Pai: Fica quietinho, hora de beber o vinho.
Nathan: Tá... Eca! Que troço é esse?
Pai: Hum... é...
Nathan: Tem gosto de Ki-Suco sabor uva.
Pai: Suco de uva, provavelmente.
Nathan: O gosto não é bom, não. Será que esqueceram de comprar vinho?
Pai: Não. Eles não bebem vinho aqui.
Nathan: QUÊ?!
Pai: SHIU!
Nathan: Por que eles não bebem vinho?
Pai: Eles não acreditam nisso. Acham que é errado.
Nathan: Mas o gosto é bom!
Pai: Bom, sabor não é tudo.
Nathan: Mas Deus fez o vinho pra gente beber, especialmente na Comunhão. Ele nos deixa felizes, e deixa Deus feliz também!
Pai: Correto.
Nathan: A Bíblia diz que é errado?
Pai: Não.
Nathan: Então por que eles dizem que é? E por quê bebem esse suco nojento? E comem essas bolachas horrorosas? Não é à toa que estão tão tristes!
Pai: Quê?
Nathan: Bom, olha pra eles. Olha como estão tristes. Não parece que estão curtindo isso, né?
Pai: Bom, não...
Nathan: Bom, eles não estão gostando nada disso. Mas você  não me ensinou que a Comunhão é um jantar especial com Jesus?
Pai: Sim.
Nathan: E quando nós viemos pra Comunhão, a igreja inteira é levada ao céu?
Pai: Correto.
Nathan: E quando nós vamos para o céu para estar com Jesus e jantar com ele, nós  deveríamos estar felizes, certo?
Pai: Certo.
Nathan: Bom, por que esse pessoal não está feliz? Eles acham que o céu é um lugar triste?
Pai: Acho que estão tristes porque estão pensando em seus pecados.
Nathan: Mas eles foram perdoados e agora estão no céu! Deveriam estar pensando em Jesus!
Pai: Ah, eles também estão pensando nele. Estão tristes porque estão pensando nele morrendo na cruz.
Nathan: Mas ele não está mais morrendo. O motivo de estarmos fazendo isso é justamente porque ele ressuscitou, não é?
Pai: É.
Nathan: Bom, acho que eles não podem estar tristes por causa de Jesus. Acho que estão tristes porque tiveram de comer essas bolachas nojentas e aquele Ki-Suco sem graça.
Pai: Suco de uva.
Nathan: Ki-Suco. Ei, pai, por que eles estão olhando torto pra mim?
Pai: Hum... É porque você recebeu a Comunhão.
Nathan: E daí? Todo mundo recebeu.
Pai: As crianças não.
Nathan: Por que não?
Pai: Porque eles não deixam.
Nathan: QUÊ?!
Pai: SHIU! Eles só deixam adultos tomar a Comunhão nesta igreja.
Nathan: Por quê? Se você foi batizado, você pode receber a Comunhão, certo? Até bebês podem receber a Comunhão, porque Jesus os alimenta também! Crianças precisam da Comunhão tanto quanto os adultos!
Pai: Mas essas crianças não foram batizadas.
Nathan: QUÊ?!
Pai: Shiu. É verdade.
Nathan: Por que eles não querem que seus filhos participem da Aliança?
Pai: Bom, eles querem. Eles só não acreditam que crianças possam ser cristãos até que fiquem mais velhos.
Nathan: Que coisa besta! Deus pode tornar qualquer um cristão.
Pai: Bom, eu quis dizer que eles não acham que Deus vai tornar seus filhos cristãos. Até que fiquem mais velhos.
Nathan: Mas Jesus quer que as criancinhas venham a ele. Até os bebês. Ele disse isso, não disse?
Pai: Disse.
Nathan: Olha. Essas pessoas têm famílias, certo? Eles não alimentam seus bebês? Eles não fazem seus filhos sentar num cantinho e esperar que cresçam antes que possam comer. Então por que Deus não alimentaria seus filhos também? Deve ser triste para as crianças assistir o resto da família comendo sem eles.
Pai: Mas eles não acham que seus filhos são filhos de Deus.
Nathan: Mas eles não ensinam seus filhos a orar?
Pai: Ensinam.
Nathan: E eles oram pra quem? Os filhos deles chamam Deus de "Pai"? Tipo igual no Pai Nosso? Peraí. Você não vai me dizer que eles não acreditam no Pai Nosso, vai?
Pai: Claro, eles acreditam. Muitos deles ensinam a oração para seus filhos.
Nathan: Bom, se eles ensinam seus filhos a dizer "Pai nosso", significa que eles acham que seus filhos também são filhos de Deus. Certo?
Pai: Humm... Mais ou menos. Mas...
Nathan: Mas eles não os batizam em Jesus. Então como eles podem ser filhos de Deus, se não fazem parte da Aliança?
Pai: É exatamente por isso que não dão a Comunhão para eles.
Nathan: Isso é tão confuso pra eles quanto é pra mim?
Pai: Acho que seria, se eles parassem pra pensar nisso.
Nathan: Bom, como seus filhos viram cristãos, se os pais não os trazem pra ser batizados?
Pai: Quando eles ficarem mais velhos, eles é que devem decidir.
Nathan: Se devem ou não obedecer a Deus? Isso é bem besta. Eles precisam esperar até ficarem mais velhos pra decidir se querem obedecer seus pais também?
Pai: Geralmente não. Mas eles querem que seus filhos esperem até que fiquem velhos o bastante para amar a Deus.
Nathan: Mas eu amo Deus. Sempre amei. E a Bíblia diz que as pessoas podem conhecer Deus mesmo enquanto estão na barriga de suas mães, não é?
Pai: Bom, esse pessoal acha que você tem de esperar até que fique mais velho e mais inteligente, pra poder entender o que isso significa.
Nathan: Quer dizer que você não pode jantar com Jesus até que entenda o que isso significa?
Pai: A idéia é essa.
Nathan: Pai, os adultos entendem tudo o que a Comunhão significa?
Pai: Algumas pessoas provavelmente acham que entendem.
Nathan: Eu acho que esse pessoal não entende muito, não. Se entendessem, eles trariam seus filhos pra Aliança e os deixariam jantar no céu com eles. E de qualquer forma, como as crianças vão aprender o que ela significa sem participar? É como tentar se alimentar lendo uma receita, em vez de comer a comida!
Pai: Boa! Vou me lembrar dessa!
Nathan: Tá, então como um garoto consegue receber a Comunhão por aqui?
Pai: Bom, quando ele ficar mais velho, tipo com uns 12 anos, ele pede a Jesus que venha morar no seu coração.
Nathan: Não zoa, pai, isso é sério!
Pai: Não estou de zoeira. Eles dizem pra você pedir pra Jesus morar no seu coração.
Nathan: Essa eu nunca ouvi. Está na Bíblia?
Pai: Não. Mas eles acham que sim. É só uma expressão que alguém inventou e significa se tornar cristão. Eles também chamam de "receber a Cristo", que é um pouco mais bíblico.
Nathan: Mas Jesus está no céu. E nós o recebemos todo domingo, toda vez que comemos o seu corpo e bebemos o seu sangue.
Pai: Fala baixo, sim? Eles não falam assim por aqui.
Nathan: Jesus falava.
Pai: Eu sei. Mas eles não sabem disso.
Nathan: Vamos ensinar pra eles!
Pai: Vamos não, tá? Agora não.
Nathan: Tá bom. Mas volta, como as crianças podem se tornar cristãos e receber a Comunhão? Quando eles ficam mais velhos e pedem a Jesus para "morar nos seus corações", certo? Então eles simplesmente vão e fazem isso quando chegam aos 12?
Pai: Não exatamente. Os adultos precisam ter certeza de que as crianças estão fazendo isso de coração.
Nathan: E como eles podem saber isso?
Pai: As crianças têm de chorar quando fazem isso.
Nathan: Chorar? Tipo, lágrimas de verdade? Como eles conseguem se fazer chorar?
Pai: Bom, algumas igrejas passam um bom tempo praticando. Mas basicamente, eles botam um pregador lá em cima contando histórias bem tristes, tão tristes que fazem o pessoal chorar. Então os garotos choram e vão andando pra frente da igreja e pedem pra Jesus ir morar nos seus corações. De vez em quando isso acontece no verão. As crianças vão pra um acampamento especial onde eles escutam pregações. Então, na última noite, eles ficam em volta de uma fogueira e...
Nathan: Escutam histórias de terror?
Pai: Não. Histórias tristes.
Nathan: Ahm. Droga.
Pai: Então eles choram, e jogam gravetos no fogo, e pedem a Jesus para morar em seus corações.
Nathan: Por que eles jogam gravetos no fogo? Eles acham que têm de fazer isso pra entrar pra Aliança?
Pai: Eles acham que é assim que se deve fazer se você estiver acampando. É parte da Liturgia de Acampamento deles. Mas se você estiver em casa, não precisa.
Nathan: Aí eles podem receber a Comunhão?
Pai: Não. Eles geralmente precisam esperar, ter umas aulas pra aprender o que significa ser cristão.
Nathan: Peraí. O que eles estiveram fazendo enquanto cresciam? Eles já não tiveram um monte de aulas? Alguma criança consegue receber a Comunhão por aqui?
Pai: Claro, eventualmente. Depois que ele termina essas aulas, ele pode receber sempre, junto com todo mundo.
Nathan: Todo domingo.
Pai: Não. Todo mês, ou algo assim.
Nathan: Por que não todo domingo? Eles não vão pra igreja todo domingo?
Pai: Vão. Mas eles não recebem a Comunhão todo domingo.
Nathan: Então o que eles fazem, se não têm a Comunhão? Não é por causa dela que nós vamos à igreja, pra podermos ir pro céu e jantar na casa de Jesus?
Pai: Bom, eles cantam músicas e escutam um sermão.
Nathan: Mas isso é parte da Liturgia da Comunhão. Comunhão é o que dá sentido pro culto, não é? Nós adoramos a Deus e então ele nos alimenta com sua comida. Então pra quê eles vêm pra igreja? Eles não vêm pra encontrar Deus?
Pai: Vêm. Mas eles acham que o encontram ao escutar um sermão e se animarem com o que o pregador diz, se ele for interessante o suficiente pra ser ouvido. Se ele não for um bom pregador, eles acham que não se encontraram com Deus.
Nathan: Olha, esse pessoal não sabe que a Comunhão deixa eles fortes pra encarar o resto da semana? Como alguém consegue ficar sem comer por um mês e ainda ter força pra fazer seu trabalho?
Pai: Bom, eles acham que se receberem a Comunhão toda semana, não será especial.
Nathan: Não parece que é muito especial pra eles, de qualquer jeito. Talvez fosse bem mais especial se eles recebessem toda semana e dessem pros seus filhos. Talvez aí até os adultos entenderiam o que ela significa.
Pai: Você provavelmente está certo.
Nathan: Peraí, pai... Acho que entendi o verdadeiro motivo de eles não terem Comunhão sempre.
Pai: Qual é?
Nathan: Porque é bolacha de água e sal e Ki-Suco.

7 comentários:

Natan Cerqueira disse...

Meu pequeno xará tem toda a razão.

Daniel e Gláucia disse...

Meu filho também se chama Natan e é questionador igual ao Nathan...a única diferença é o "h".

Daniel e Gláucia disse...

Excelente texto! Já ouvi algo bem parecido de outro Natan, que também é um garoto inspirador!

L. G. Freire disse...

http://cultopuritano.blogspot.com/2011/08/forma-liturgica-casamento.html

Isto talvez vá interessar.

Lucas.

Nomen mihi nullus est. disse...

Ótimo texto!

Unknown disse...

Maravilhoso texto, parabéns pela tradução!

Nilson dos Santos disse...

muito bom!!! maravilhoso!