sexta-feira, 11 de julho de 2008

Testes e rótulos

Acho que uma das coisas mais viciantes da internet são esses testezinhos que te dizem, a sério ou não, que tipo de pessoa você é. Lógico, encaixar uma pessoa em um rótulo é sempre perigoso; ninguém é igual a ninguém!

Mas é divertido! Hoje, respondi dois deles, um em inglês e outro em português, este último mais voltado pro público da IPB. Divirtam-se (e se quiserem, postem seus resultados nos comentários!).








What's your theological worldview?
created with QuizFarm.com
You scored as Neo orthodox

You are neo-orthodox. You reject the human-centredness and scepticism of liberal theology, but neither do you go to the other extreme and make the Bible the central issue for faith. You believe that Christ is God's most important revelation to humanity, and the Trinity is hugely important in your theology. The Bible is also important because it points us to the revelation of Christ. You are influenced by Karl Barth and P T Forsyth.


Neo orthodox


96%

Reformed Evangelical


64%

Emergent/Postmodern


61%

Roman Catholic


61%

Evangelical Holiness/Wesleyan


57%

Modern Liberal


32%

Classical Liberal


32%

Fundamentalist


21%

Charismatic/Pentecostal


0%









Qual é o seu perfil dentro da IPB?
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You scored as Neo-ortodoxo

Parabéns, você é um neo-ortodoxo. Valoriza as fontes da tradição reformada, mas reconhece os esforços da exegese crítica. Procure e encontrará seus pares na IPB.


Neo-ortodoxo


100%

Liberal


61%

Fundamentalista


4%

Puritano


0%

Carismático


0%


quarta-feira, 9 de julho de 2008

Presbiterianos & liturgia, parte 7

O serviço de Deus através do ministro

Por Jeffrey J. Meyers

(continuação da parte 6)
(leia o original aqui)

Vamos pensar no desaparecimento do pastor como representante do Senhor e seu porta-voz, em muitos cultos que se vêem por aí. Muitos pastores não dirigem mais o culto dominical. Esse afastamento do papel de liderança do pastor no culto contemporâneo decorre desse tipo de concepção unilateral do culto dominical que eu venho criticando.

Se o que as pessoas estão fazendo no culto é simplesmente se reunirem para render louvor e orações, e oferecer a Deus toda sorte de devoção humana, então nós podemos mesmo simplesmente nos reunir para fazer isso juntos, e qualquer um pode liderar. Se, no entanto, o próprio Senhor Deus é quem nos vem encontrar e nos conceder suas dádivas, então o ministro ordenado terá um papel de destaque, de modo que as pessoas não tenham dúvida de que é o próprio Senhor quem está falando, absolvendo, batizando, nos oferecendo alimento e bebida, e finalmente nos abençoando e nos enviando ao mundo para aumentar seu reino.



É claro, isto não quer dizer que o Senhor nos serve no culto exclusivamente através do pastor, visto que Deus também opera através das orações comunitárias, recitações e canto da congregação. Quantas vezes nós fomos verdadeiramente servidos por Deus enquanto ouvíamos e nos uníamos à voz unida da igreja, em oração e louvor? O Senhor, portanto, nos serve no culto dominical de modo que seu Espírito fale tanto pela voz do ministro como pelas vozes de seu povo. Mas deve haver uma certa prioridade dada às palavras e ações do ministro no culto dominical.

É por isso que o ministro que lidera o culto deve ser um homem ordenado. Por questão de seu ofício, ele deve representar o Noivo da noiva. Uma mulher não poderia fazê-lo. Isto faria destoar a própria estrutura dos papéis de relações dentro da igreja e do lar. O simbolismo da liderança masculina deve ser mantida na liturgia comunitária da igreja.

A igreja submete-se ao seu Senhor enquanto recebe dele a Palavra e os Sacramentos pela boca e mãos do pastor. O padrão de liderança masculina está enraizado profundamente na ordem criada (Gn 2.15-24; 3.15-19; I Tm 2.11-15; I Pe 3.1-7), bem como na ordem re-criada (I Co 11.3-16; 14.33-35; Ef 5.22-33). Esses papéis de relacionamento não são negociáveis. C. S. Lewis diz: "Eu estou esmagadoramente consciente de quão inadequados a maioria de nós somos, em nossas verdadeiras e históricas atualidades, para desempenhar o papel que é preparado para nós. Mas há um velho ditado militar que diz que você faz continência para o uniforme, e não quem o veste. Somente alguém vestindo o uniforme masculino pode (provisionalmente e até a Parousia) representar o Senhor da Igreja: pois todos nós somos, comunitária e individualmente, femininos para ele. Nós, homens, damos péssimos sacerdotes. Isso porque nós somos insuficientemente masculinos. Não há cura para aqueles de nós que não são, absolutamente, nada masculinos. Um dado homem pode dar um marido muito ruim; você não pode consertar isso invertendo os papéis. Ele pode ser um mau parceiro de dança. A cura para isso é que os homens devam freqüentar com maior empenho aulas de dança, e não que a pista de dança passe a ignorar distinções de sexo e tratar a todos os dançarinos como neutros."(citado in Credenda Agenda 11/2 [1999]: 3).

Continua na parte 8.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Presbiterianos & liturgia, parte 6.

Por Jeffrey Meyers

(continuação da parte 5)
(leia o original aqui)

Mais algumas reflexões sobre o serviço de Deus a nós

Primeiro, vamos nos lembrar de que o tabernáculo, o templo, os sacrifícios e o sacerdócio de Israel foram um serviço de Deus para Israel e a humanidade. Deus não precisava do louvor deles. Esse arranjo litúrgico foi seu generoso presente para seu povo e o mundo. Quando os israelitas chegaram à conclusão de que estavam fazendo algo para Deus, dando alguma coisa para ele, eles foram rejeitados pelo Senhor. Consideremos o Salmo 50.8-15:

Não o acuso pelos seus sacrifícios,
nem pelos holocaustos,
que você sempre me oferece.
Não tenho necessidade
de nenhum novilho dos seus estábulos,
nem dos bodes dos seus currais,
pois todos os animais da floresta são meus,
como são as cabeças de gado
aos milhares nas colinas.
Conheço todas as aves dos montes,
e cuido das criaturas do campo.
Se eu tivesse fome, precisaria dizer a você?
Pois o mundo é meu, e tudo o que nele existe.
Acaso como carne de touros
ou bebo sangue de bodes?
Ofereça a Deus em sacrifício a sua gratidão,
cumpra os seus votos para com o Altíssimo,
e clame a mim no dia da angústia;
eu o livrarei, e você me honrará.


De acordo com o Salmo 50, a forma pela qual nós glorificamos a Deus é clamando a ele no dia da angústia e permitindo que ele seja o nosso livrador. Ao depender de seu serviço divino, nós, em última análise, o glorificamos. Pois é justamente isso que o culto dominical é. O serviço de Deus a nós, não o nosso a ele em primeiro lugar. Segundo, se o único propósito do culto dominical for a reunião de indivíduos para louvar a Deus, orar e oferecer a ele todo tipo de devoção humana, então alguma coisa está perigosamente invertida. Como calvinistas, nós deveríamos enxergar a ameaça pelagiana que se esconde por trás de uma idéia tão unilateral. E como o pelagianismo anda de mãos dadas com uma concepção unitarista de Deus, não surpreende que um culto moldado por essa idéia tenda a ignorar a Trindade.
Na liturgia tradicional, o serviço de Deus em nosso benefício tem uma forma distintamente trinitária. O serviço de Deus a nós é graciosamente nos trazer à presença do Pai em união Espiritual com o Deus-Homem, Jesus Cristo. Jesus Cristo, homem, é o único mediador entre Deus e os homens. Ele é o sacerdote. Ele se oferece como homem perante o Pai, e o faz como Representante da Humanidade, o Sumo Sacerdote da humanidade redimida. Ele nos assiste em achegarmo-nos a Deus. É esse o papel de um sacerdote.John Thompson o descreve assim: “Jesus Cristo é, portanto, o único verdadeiro adorador. Pelo Espírito Santo, nós somos levados ao louvor e à resposta que Cristo oferece ao Pai. A nossa é a resposta da resposta. O Espírito é que possibilita isso, dando o que ele exige, que é o louvor dos nossos corações e de nossas vidas.” (Modern Trinitarian Perspectives [New York: Oxford University PRess, 1994], p. 100). Novamente, o que isso quer dizer é que “culto” não é fundamentalmente o que fazemos. Antes, é aquilo que nos é graciosamente dado, bem como o que nos é dado fazer, em Cristo. Culto é o serviço do Deus Triúno à congregação. Creio que T. F. Torrance esteja certo, ao dizer que tem alguma coisa grotescamente unitarista, até mesmo pelagiana, na concepção popular de culto do evangelicalismo. Deus está distante e nós nos aproximamos e fazemos todo tipo de coisas diante dele para agradá-lo. Considerem isto: há um significado profundo em que nosso culto não seja meramente coram Deo, ou coram Trinitate [“diante de Deus”, ou “diante da Trindade”, N. do T.], ou mesmo ad Deum ou ad Trinitatem [“dirigido a Deus”, ou “dirigido à Trindade”, N. do T.], mas sim in Trinitate [“na Trindade”, N. do T.] (isto é, “por meio da” Trindade, ou mesmo no sentido espacial de estar “em”). Uma concepção trinitariana de culto reconhece os dois movimentos de Deus: 1) de Deus para a humanidade – do Pai, através do Filho, pelo Espírito, para redimir o homem; e 2) da humanidade para Deus – na direção inversa – pelo Espírito, através do Filho, para o Pai. É assim que nossa resposta é incluída nesse serviço, pois nós só temos como responder se o fizermos em união com a resposta sacerdotal de Jesus Cristo. Mesmo a nossa resposta é uma dádiva.
Somente uma liturgia cuidadosamente construída pode assegurar que a congregação não escorregue para um “culto” pelagiano ou unitarista. Tradicionalmente, a liturgia cristã tem buscado incorporar o serviço de Deus pelo seu povo, bem como a resposta apropriada de louvor, pelo povo. Falarei mais sobre isso no próximo post.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Presbiterianos & liturgia - Parte 5

Entendendo mal o propósito do culto dominical

Por Jeffrey Meyers

(leia o original aqui)

No meu último post sobre este assunto, eu disse que um dos motivos pelos quais presbiterianos não compreendem e não apreciam a liturgia é a compreensão inadequada do que deve acontecer no Dia do Senhor. Presbiterianos não gostam de liturgia porque não têm cuidado de descobrir qual o propósito fundamental de se reunir no domingo.

Nós somos reunidos por Deus para sermos servidos por ele. O culto dominical é, acima de tudo, o serviço de Deus em nosso favor. Ele nos conduz à sua presença vivificante. Ele nos concede. Nós nos achegamos para receber as dádivas de Deus.



Uma vez, eu conversei com um ministro presbiteriano que estava promovendo seminários sobre o culto reformado por todo o país. Ele sabia do meu interesse pelo assunto e queria me contar o que vinha fazendo. “A primeira e mais importante colocação que eu faço nos meus seminários”, ele disse, “é que o culto reformado é glorificar a Deus. Nós não nos reunimos para receber nada de Deus, nós vamos para dar a ele nosso louvor e honra. Isso é o que marca o culto reformado!”

Bom, eu pensei, isso pode ser verdade e, se for, é um dos motivos pelos quais o povo reformado não consegue se identificar com um culto liturgicamente estruturado. Eles não vêm para receber nada de Deus durante o culto (com a exceção, talvez, do sermão); ao contrário, eles vêm para dar-lhe honra e louvor. Embora tenha se tornado um meio de verificação em meios reformados, esse argumento merece ser questionado. O propósito do culto dominical não é simplesmente louvar.

Muitas obras reformadas sobre o culto adotam essa posição. A primeira frase do livro Worship in Spirit and Truth [“Louvai em espírito e em verdade”, N. do T.] (Phillipsburg: Presbyterian & Reformed, 1996) é a seguinte: “O culto é a obra de reconhecer a grandeza de nosso Senhor da Aliança” (p. 1, ênfase do autor). Ele parte dessa definição ao longo de todo o livro. Eu poderia citar outros autores reformados mais recentes, com o mesmo teor. A maioria deles define o culto como o que o povo de Deus faz, o serviço que eles executam no Dia do Senhor, especificamente a adoração, louvor e honra que eles tributam a Deus.

Certamente, há numerosas passagens que nos exortam a “louvar ao Senhor” e “adorá-lo”. Eu gostaria de alertá-lo, contudo, que em muitos casos a palavra “adorar” não nos tem servido muito bem. Ela não é a melhor tradução das palavras que eram usadas para designar “curvar-se” ou “prostrar-se” (por exemplo, no Salmo 95.6).

Por exemplo, quando somos chamados a “nos prostrar” perante o Senhor, isso não corresponde exatamente ao significado que damos à palavra “adorar”. Lançar-se perante o Senhor é permitir-se ser levantado por ele. É entregar-se ao serviço do Senhor. Com efeito, lancar-se perante o Senhor nos coloca em posição de sermos servidos por ele. Assim, nesses textos, há muito mais do que apenas tributar “louvores” e “honras” a Deus.

Mais do que isso, é muito comum em nosso meio que a entrega de louvores e glórias a Deus seja colocada em oposição à expectativa do adorador de receber qualquer coisa de Deus na igreja. É exatamente essa unilateralidade do “culto é igual a louvor”, que eu creio ser o verdadeiro problema das igrejas reformadas.

Essa postura, às vezes, está vinculada à assertiva, supostamente super-espiritual, de que “nós nos reunimos apenas para louvar a Deus, sem nenhum interesse no que nós podemos receber dele”. E eu afirmo que isso é besteira antibíblica, que pode, e com efeito costuma se infiltrar entre nós como uma ladainha de adoração.

Para nós, como criaturas de Deus, não se pode conceber tal coisa de “louvor desinteressado”. Nós simplesmente não podemos amar ou louvar a Deus pelo que ele é, de maneira desvinculada do que ele nos deu ou do que nós continuamos a receber dele. Nós não somos iguais a ele. A idéia de que puro amor e louvor a Deus só podem ser dados quando desvinculados de tudo quanto ele nos tem feito, não tem qualquer embasamento bíblico. É claro que ela soa bem espiritual e piedosa. Ela até pode ser entendida como renúncia de si mesmo.

Mas a verdade é que não existe esse tal louvor na Bíblia, pelo simples motivo de que não temos como nos achegar a Deus como seres desinteressados, auto-suficientes. Nós somos seres criados. Seres dependentes. Seres que precisam, continuamente, receber de Deus tanto sua vida como sua redenção. Nosso culto a Deus, por esse motivo, necessária e primariamente envolve nossa recepção passiva de suas dádivas, tanto quanto do nosso tributo de ação de graças e nossas súplicas. Não podemos fingir que não dependemos dele. Nós sempre seremos receptores e suplicantes perante Deus. Nossa condição de receptores nos é tão intrínseca quanto nossa dependência. Nós devemos ser servidos por ele. Reconhecer isto é a verdadeira espiritualidade. Abrir-se a essa verdade é o primeiro movimento no nosso “culto”; na verdade, é o pressuposto de todo o culto comunitário. É a postura de fé perante nosso Deus, Todo-suficiente benfeitor. O louvor se segue a isso e não pode ser, isolado, o propósito exclusivo da nossa reunião no Dia do Senhor.

Portanto, acima de tudo, quando nos reunimos no Dia do Senhor, somos chamados por ele para receber, para obter. Isso é fundamental. O Senhor dá, nós recebemos. Visto que a fé é receptiva e passiva em sua natureza, um culto “pela fé” (ou seja, fiel – N. do T.) tem tudo a ver com receber de Deus. Nós recebemos o seu perdão, sua instrução, sua nutrição, sua bênção etc. Nós nos achegamos como aqueles que primeiro recebem, e então, em segundo, apenas em uma troca recíproca, devolvemos aquilo que é apropriado, que são gratos louvores e adoração.

Mais e mais, estou descobrindo quão crucial (pelo menos na atual situação) é essa concepção de culto. É muito freqüente nos círculos reformados e evangélicos que o termo “liturgia” seja traduzido como “o serviço do povo”. Conquanto eu não negue que nós “servimos” durante o culto, eu considero essa concepção perigosamente unilateral. O que quer que nós “façamos” durante o culto, deverá ser sempre uma fiel resposta às dádivas de Deus, de perdão, vida, conhecimento e glória – dádivas que recebemos no culto!

Muito do que se entende por “culto contemporâneo” tem esvaziado o culto dominical do serviço de Deus ao homem! É sempre voltado para o que nós fazemos. A redução do culto cristão a “louvar” e “dar honra ao Senhor”, mesmo que pelo bem-intencionado desejo dos pastores de livrar o culto de formas superficiais de culto, continuará sempre a alimentar isso mesmo que eles vêm combatendo.

Eu ainda tenho mais a dizer sobre isso, então concluirei esse raciocínio em outro post.

domingo, 29 de junho de 2008

Abertura de Escola Dominical

Hoje eu presidi de novo a abertura da Escola Dominical na minha igreja. Como Vice-Superintendente, já era para estar acostumado, mas ainda me dá o típico frio na barriga, com noite maldormida antes. Mas o que me apavora mais é fazer a homilia. Minha homilética é fraca, fraca mesmo; geralmente acaba sendo um comentário leve sobre o texto, sem a mesma densidade de um sermão reformado (ainda não parei de babar sobre um sermão sobre a estrutura quiástica do Salmo 8, que eu ouvi na semana passada).

O primeiro modelo de liturgia que eu vou postar aqui é o que eu uso na abertura da ED na minha igreja: